Revista da ESPM - MAR-ABR_2008
Turismo, lazer e gastronomia 119 MARÇO / ABRIL DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M ES PM vezes, é atémais barato ir para aTailân- dia do que para Fortaleza. Eu insisto naquele ponto: a telefonia começou a serdesregulamentadaem1992/1993,as companhias aéreas ainda são extrema- mente reguladas. Não podem fazer as promoções que queiram. JRWP –Nestemomento, noBrasil, não se pode viajar. Há uma inviabilização geral do transporte aéreo. TONI –ParaBaurunemtemmais avião. CACO – Émuita regulação. Então para melhorar o turismo no Brasil, precisa privatizar ainda. JRWP – Privatizar inclusive aeroportos. CACO – Exato. Congonhas dobrou, triplicou, mas continua mais cheio do que a rodoviária do Tietê. Eu acho que privatizar mais as ações, ou seja, é bom que tenha o fomento do Estado, articulação etc., está em transição, mas essa transição foi mais rápida emoutros setores. É preciso umplano de sustenta- bilidade, emqueoempresárioaceitever ocrescimentodeleamédioprazo, onde não queira tirar de nós, pobres turistas brasileiros, o seu lucro todonopróximo final de semana. Quando se fala de sustentabilidade é sustentabilidade nos seusaspectoseconômicos,mastambém acho que é estudar a sustentabilidade ambiental e social, porque, no mundo, os grandes produtos turísticos que vão ficar e que terão diferenciais não serão aqueles resorts tipo Jamaica - eu preso aqui e a pobreza do lado de fora. Não. Vamos ter de interagir, então: privatiza- ção, sustentabilidade e, para usar outro nome que foi citadonuma crônica, que eusugiroquese leia, turistificação . É isso que Dubai está fazendo hoje. Dubai vê que o recurso de combustível fóssil vai acabar daqui a pouco, mas hoje tem capital e transforma isso em algo ba- cana. Nós temos, acho, que ao longo da costa e alguns lugares no interior, municípios que recebem milhões de royalties da Petrobras. Lembremo que eraOrlando, antes deDisney – era um charco!Turistificação é a palavra.Você está nos Estados Unidos e, de repente, vê uma placa assim “A maior torta de maçã do meio oeste”, e, a 50 milhas, descobre uma escultura, uma torta, uma sorveteria, ou não sei o quê. Que é a tal torta de maça. Claro que essa turistificação tem de ser relevante. Mas temos de pensar em privatizar mais, em planos de médio prazo de sustentabilidade e muito no conceito de turistificação. JRWP – Vou fazer uma observação – péssima para fim do debate – mas estou com a sensação, não de que per- demosobonde–porquenãoexistemais bonde – mas estou com a sensação de que perdemos esse avião do turismo... MÁRIO – Não! Acho que estamos no momento da oportunidade. É aquela história de ir para um lugar em que ninguém usa sapato e dizer que, já que ninguémusa sapato, vai-se vender muito sapato! Acho que estamos em ummomento cheio de oportunidade. CACO – Nunca houve tanta feira no Brasil! GRACIOSO – São Paulo dobrou o turismo em dez anos. JRWP – Então eu posso propor, nesse final de debate, aos nossos leitores, que haverá muitas oportu- nidades profissionais? NELSON – Já estão existindo. JRWP – Na graduação ou na pós? GRACIOSO – Eu acho que os cursos de turismo que existem no Brasil não vão mudar muito. Continuarão a formar jovens despreparados para enfrentar as necessidades desse novo mercado. Eu creio que teríamosmais a ganhar comcursos de especialização, em nível de pós-graduação. JRWP –Nós podemos imaginar jovens que agora estejam fazendo seus cursos de comunicação, de administração, mesmo de turismo, ou de outras áreas, e aí eles farão sua pós-graduação e especialização em gestão de turismo. Está aí uma boa idéia. GRACIOSO – Para completar, este fu- turo curso, para ter êxito, deverá estar umbilicalmente ligado a esse mundo que está representado aqui, porque nós estamos vendo hoje que são eles que estão realmente abrindo caminho. A escola vai refletir a realidade que vocês estão descobrindo. NELSON – Eu tenho uma ferramenta fundamental para os seus trabalhos, José Roberto e Gracioso, que é o ar- tigo 180 da Constituição Federal: “A União, o Distrito Federal, os Estados e municípios promoverão e incentivarão o turismo como fator de desenvolvi- mento social e econômico.” Vamos exigir que este artigo seja cumprido. JRWP – Muito obrigado, parabéns. Eu gostaria de fazer um convite a vocês quatro, oficialmente. Desde já con- vido-os a fazerem parte do conselho consultivo do nosso futuro Núcleo de Turismo da ESPM. GRACIOSO – Exatamente, commuito prazer e orgulho.
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