Revista da ESPM - MAR-ABR_2008

130 R E V I S T A D A E S P M – MARÇO / ABRIL DE 2008 As estruturas e George Smith s estruturas são modelos mentais. São idéias ou entendimentos. Não pertencem ao campo da realidade. Para alguns, são simplificações que operamos para tornar o mundo inteligível. Para os partidários do estruturalismo, são explicações. São leituras. Permitem ver a realidade que está por trás das aparências. Será assim? A história da descoberta de George Smith pode nos ajudar a decidir. Quando, em uma tarde de novem- bro de 1872, no segundo andar da ala do Museu Britânico que dá para a Russell Square, Smith decifrou o fragmento da décima primeira tábua da epopéia de Gilgamesh e surpreendeu-se com os elementos e com as relações que encontrou. A inscrição congregava distâncias imensas, condensava milhares de anos em um vórtice único no espaço e no tempo. Se fosse verdadeira, mudaria a história do Mundo. O texto da tábua, oriunda das es- cavações da Grande Biblioteca de Assurbanipal, em Nínive era claro. Mas a decifração do sumério não é simples. Mesmo o mais treinado dos assiriólogos pode se enganar. Smith recompôs várias vezes o trabalho. O resultado era sempre o mesmo. Diante dele descortinava-se uma to- talidade estrutural, uma explicação evidente, mas difícil de acreditar. Tudo começara a mais de 5.500 anos, na Suméria, quando a epo- péia de Gilgamesh tinha sido gravada sobre tábuas de argila. Os sumérios foram os primeiros habitantes da Mesopotâmia e é na língua original deles e na derivação acadiana que fora escrita a epopéia. Era uma escritura silábica, grafada com um estilete feito de cana, que marcava símbolos em forma de cunha, ditos cuneiformes. Utilizado por mais de 3.000 anos, o cuneiforme sumério é a mais AS ESTRUTURAS E T G E R G E O S MI H A Smith decifrou o fragmento da décima primeira tábua da epopéia de Gilgamesh e surpreendeu-se com os elementos e com as relações que encontrou. Imagens:The British Museum

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