Revista da ESPM - MAR-ABR_2008

118 R E V I S T A D A E S P M – JANEIRO / FEVEREIRO DE 2008 Ponto de vista CAIO LUIZ DE CARVALHO O Caio Luiz de Carvalho é presidente da São Paulo Turismo, professor da Fundação Getúlio Vargas (Ebape-FGV) e ex-ministro do Esporte e Turismo e presidente da Embratur. Brasil ocupa o sexto lugar no ranking dos países que mais criam empregos com Turismo, à frente de forças mun- diais do setor, como Estados Unidos e Espanha, e ao lado de Rússia, China e Índia. Os dados são do Con- selho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC). Estudo realizado pela con- sultoria britânica Henley Centre Hea- dlightVision (HCHLV), de marketing e estratégias para cenários futurísticos, em parceria com o sistema global de distribuição e reservas Amadeus, também nos coloca em posição de destaque no setor. No Brasil, a cidade de São Paulo tem sido um grande propulsor deste índice. Segundo essas pesquisas, haverá qua- tro tribos de viajantes que dominarão o cenário nos próximos anos: a de sêniores, formada por quem terá entre 50 e 75 anos; clãs mundiais, ou os que se deslocarão em grupos para visitar amigos e familiares com o cresci- mento da imigração em um mundo globalizado; os profissionais itine- rantes, que aproveitarão horários mais flexíveis e viagens a custos menores para morar com mais qualidade de vida; e executivos globais, heads e CEOs de empresas que viajarão de primeira classe ou alugarão jatos. Além de ser uma das grandes res- ponsáveis pela absorção dos mais diversos níveis de força de trabalho, a atividade turística tornou-se a principal exportadora e distribuidora de renda no mundo. Na definição do WTTC, trata-se de um setor que dá vigor às economias e estimula o desenvolvi- mento. Muito mais que vantagens para quem viaja, significa benefícios para as comunidades. Os moradores de uma cidade ou destino precisam saber da importância dos turistas e de que mantê-los satisfeitos é também sua responsabilidade. O potencial turista em um futuro próximo, como indica o estudo do Amadeus com a HCHLV, será um via- jante que, além de um belo roteiro, buscará criar memórias e experiências inesquecíveis. Será imprescindível oferecer experiências e não apenas quartos de hotel. Aliar emoção, cria- tividade e roteiros inusitados em vez de pacotes turísticos tradicionais. Muitas das cidades bem-sucedidas turisticamente no mundo criam, inicialmente, produtos ou eventos para a comunidade local e só depois os transformam em produto turístico. E essa tem sido uma das fórmulas de São Paulo, que já é um centro cultural bem aproveitado por sua população. Assim, além de estender alguns desses acontecimentos a turis- tas, como peças de teatro, musicais, festivais de cinema, exposições etc., ao posicionar a capital como o maior centro cultural, gastronômico e de entretenimento da América Latina, pensou-se em novos eventos que, tão logo absorvidos pela população, poderiam se tornar um grande chamariz. Foi o caso, por exemplo, da Virada Cultural, cujos alicerces se consolidam e, cada vez mais, apontam as possibilidades turísticas do produto, ao mesmo tempo em que estimulam um crescente envol- vimento da população. Não à toa, neste ano convidamos um grupo de 120 operadores e agentes de viagens de todo o Brasil e América Latina para vivenciarem o evento. É preciso inovar e ampliar a lista de atividades para possibilitar que o roteiro vivido se transforme em experiência e conhecimento. A abordagem histórica pode ser um forte atrativo, desde que seja envolvente, criativa, inusitada. Por isso, em nossos roteiros de Turismetrô em SP, o passageiro encontra persona- gens que representam partes daquela história, de forma pouco tradicional e inesperada, o que se soma ao trabalho dos guias turísticos. Refletindo sobre tudo isso, mudando nossa atuação, compreendendo bar- reiras e crenças com as quais precisa- mos romper, somando-se à solução de gargalos históricos - entre eles, a melhoria na qualidade de serviços de infra-estrutura e a maior capacitação de nossos profissionais - poderemos criar um novo momento do turismo brasileiro. E assim, buscarmos a liderança em um setor estratégico, que tão bem distribui a renda e fortalece as economias por meio das exportações e empregos. Sem falar no desenvolvimento gerado pelo intercâmbio cultural, econômico, social e tecnológico propiciado por empresas aéreas, hotéis, locadoras de automóveis, companhias de cruzei- ros, agências de viagens e todos os segmentos que compõem a atividade turística na busca pela confiança das quatro tribos de viajantes do futuro que prometem “desequilibrar” o mercado nos próximos anos. O VIAJANTE DO FUTURO E A CULTURA DA EXPERIÊNCIA ES PM

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