Revista da ESPM - MAR-ABR_2008

20 R E V I S T A D A E S P M – MARÇO / ABRIL DE 2008 Entrevista café no lobby, que coisa feia!” Então, você compra um negócio bonitinho, coloca no lobby; tem de estar pronto quando aparecer o primeiro hóspede, além de ser um café com aroma, gos- toso, e não pode ficar frio. E os outros funcionários ficam livres para servir o café da manhã no restaurante. Foi assimque nasceu cafezinho no lobby, no Brasil. Criei também serviço para hóspede habitué. Naquela época, as pessoas viajavammuitoRio-SãoPaulo, e como tínhamos hotéis nas duas capitais, muitos hóspedes podiam deixar suas coisas em um lugar ou emoutro, comomaterial de toalete, as roupas eram lavadas. Então, coisas que estão sendo feitas hoje, eu já fazia há 25 anos. Criei também serviços para mulheres, que ainda não existiam. Naquela época, quando mulher saía sozinha de umhotel, era porque tinha tido um caso com um homem. E eu pensava: mas não é possível, tem mulheres que trabalham, são executi- vas. Muitas, quando se hospedavam, comiam no apartamento porque fica- vamconstrangidas de ir ao restaurante por só ter homens, executivos. Pensei: vamos acabar com isso, queremos mais mulheres, à vontade, no hotel e criei o posto de “guest relations”. Erammulheres que iamao restaurante, junto com as nossas hóspedes, iam ao bar, batiam papo, para deixá-las à vontade. Criei um pacote de serviços para as mulheres, porque elas têm outras necessidades, o que foi uma novidade no mundo inteiro. Então o que eu gosto é de criar serviços, ino- vação é uma conseqüência, porque estou sempre focada no que eu posso fazer melhor para os nossos clientes. E nossos clientes não são somente os hóspedes; há os nossos clientes que são os que reservam, as operadoras, então eu fico pensando em como posso facilitar a vida deles. Para uns, será a tecnologia; para outros, atendimento; para outros ainda, será a rentabilidade. Então o servir vem da minha cultura do Oriente. Eu acho que o ser humano está aqui para servir e não somente para viver para si. Somos felizes quando as pes- soas que estão em volta e das quais gostamos também estão felizes. Se pensarmos profundamente nisso, não veremos uma pessoa que não seja feliz deixando as outras pessoas felizes. Por que as pessoas querem tanto dinheiro, querem comprar presentes, dar conforto? Eu acho que poucas pessoas fazem coisas para si; fazem para os outros. Eu tenho grande prazer em servir as pessoas. JRWP – Você tem planos de traba- lhar com outras faixas? CHIEKO – Eu gostaria de ampliar a minha faixa de segmento de atuação, mas meus clientes não aceitam. Já tentei, até criei um pro- duto que chamava Blue Tree Basic. Mas meus clientes não aceitam. Eles diziam: “Prefiro pagar mais, mas não quero o básico”. GRACIOSO – E quem são os seus clientes? São viajantes a negócios? CHIEKO – Negócios e eventos. Meu foco é negócio. Temos muitos indivi- duais, mais nos finais de semana, mas não é de lazer. Tinha hotéis de lazer – Angra, Cabo Santo Agostinho, dois resorts, Brasília, que era menos re- sort, mas voltado para convenções, “PEDIAM CAFEZINHO AO GARÇOM, QUE TINHA DE ATENDER O RESTAURANTE CHEIO.” “O TURISTA VAI ATÉ NÃO SEI ONDE SOMENTE PARA COMER O PEIXE.” Imagens concedidas pelo Grpo Blue Tree HOTELARIA

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