Revista da ESPM - MAR-ABR_2008

21 MARÇO / ABRIL DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M Chieko Aoki e era uma parceria com um fundo de pensões que tinha ações da minha empresa, mas eu recomprei as ações e devolvi os hotéis. Eu tenho tam- bém um hotel resort em Lins, que é um hotel de águas termais, e alguns projetos nossos... GRACIOSO – E o futuro? Continua apontando o business traveller ou o turismo tende a crescer mais? CHIEKO – Tende a crescer mais. Na minha época, só comecei a viajar quando era estudante, porque quando era criança não tinha esse conforto, meus pais não tinham condições. Então a viagem era uma coisa cara, hoje viagem faz parte do cardápio da família, das necessidades humanas. Eu não sei por que, talvez a vida esteja mais estressada, porque eu não viajava, mas não era estres- sada, eu não viajava e era feliz. Hoje quem não viaja é infeliz. JRWP –Mas será que não é uma visão mais paulista, mais urbana? CHIEKO – Mas eu acho que está alastrando, porque mesmo na China as pessoas estão viajando muito. GRACIOSO – Principalmente os jovens. CHIEKO – Então por quê? Porque eles aprenderam, desde criança, que viajar faz parte. Quem viajou uma, duas vezes não consegue deixar de viajar uma terceira e quarta. Então, eu acho que é uma tendência as viagens aumentarem cada vez mais, existe também uma chamada muito grande de vários destinos para incentivar as viagens. Em qualquer lugar, eles exploram muito o turismo. Qualquer país que não tenha nada, eles explo- ram muito o turismo.Veja Cingapura, que não temabsolutamente nada, país pequeno. Veja só o que eles fizeram: exploraram serviço, uma grande fatia desse setor de serviço é turismo. GRACIOSO – Dubai, agora. CHIEKO – Então todo mundo ex- plora turismo, porque sabe que é uma tendênciamundial. E como é que isso está sendo explorado? Dubai de um jeito mostrando grandiosidade. No Japão, por exemplo, exploram turis- mo, mostrando pequenos nichos: é uma pedra, uma rocha, um laguinho, mas eles fazem marketing, divulgam, criamummistério, umvalor agregado em cima daquilo que, de repente, se tornou um destino. Então as opções não acabam, a forma de se trabalhar os aspectos turísticos de qualquer lugar estão crescendo em todos os pontos. E o interessante é que quanto mais se faz isso, mais está mudando o perfil do turista. Hoje, o turista vai até não sei onde somente para comer o peixe, ou seja lá o que for, daquele lugar.Tem uma empresa de turismo, uma ope- radora, que fui visitar e fiquei muito impressionada, porque eles fazem viagens específicas. São pessoas da terceira idade, que viajaram muito e querem conhecer coisas inéditas. Há pacotes, por exemplo, para África do Sul só para ver o jacarandá em flor. Japonês não corta planta, não corta flor, é um pecado; eles tiram foto, apreciam, almoçam, tomam lanche embaixo das árvores. E eu fiquei sabendo disso porque eles falam assim: “O Brasil tem tanta biodiversidade, por que vocês não exploram isso que é uma riqueza muito grande?” Para nós, ainda te- mos muita coisa a explorar. JRWP – O que você está falando é, de fato, uma certa mágica, é como se, de repente, esse aspecto da viagem, de se sair de onde a pessoa está, estivesse trazendo de volta uma certa magia. Alguma coisa que tem a ver com a fantasia. CHIEKO – Eu acho que está na mão exatamente de seus alunos, porque é o momento de se despertar para as coisas comuns, criar valor agregado, chamar atenção para aquilo, empaco- tar e entregar.As pessoas têmpreguiça de enxergar aquilo, porque está aí. As pessoas estão precisando de especia- listas que peguem um copo d’água e pensem: como eu tomo esse copo d’água?Tem tanta gente querendo ex- plorar alguma coisa, querendo trazer riqueza à sua vida através de riqueza que outras pessoas criam. Então como eu vejo um copo d’água? Eu faria um copo com um colorido diferente para que omeu cliente nuncamais esqueça a água do Brasil. Não podemos fazer “NOSSOS CLIENTES NÃO SÃO SOMENTE OS HÓSPEDES.” Ð Imagens concedidas pelo Hospital São Luiz

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