Revista da ESPM - MAR-ABR_2008
66 R E V I S T A D A E S P M – MARÇO / ABRIL DE 2008 Gastronomia e turismo Foi igualmente importante o finan- ciamento ao turismo, oferecido pelos organismos da previdência a seus afiliados, garantindo uma ocupação razoável da infra-estrutura turística fora das altas temporadas.Tambémna vizinha Argentina, no bojo da grave crise que o país viveu recentemente, houve umgrande incentivo ao turismo doméstico, com a criação de novos roteiros que incluíam, como grande atrativo, a gastronomia e a enologia. As tendências mundiais, indicadas pelo sucesso da rede Relais Chateaux e dos roteiros de charme em vários países, assim como o agro-turismo ou simplesmente o surgimento de pou- sadas, hotéis ou restaurantes isolados mas de prestígio amplo, mostram como o desenvolvimento da capaci- dade de atração turística, que inclui a gastronomia, é algo complexo e que pouco depende de grandes inversões de capital na forma clássica. Em con- trapartida, exigemgrande criatividade e capacidade de experimentação, isto é, investimentosempesquisaedesenvolvi- mento.Umdos resultados éa tendência moderna da chamada “bistronomia” (bistrô+gastronomia, ou “alta cozinha low-cost” graças à “desintermediação” comercial, isto é, à produção agrícola que chega diretamente ao bistrô). No Brasil – embora haja uma reversão de tendências identificada pelo incre- mento da venda de pacotes turísticos domésticos vis-à-vis os internacionais 6 – esse avanço ainda depende de uma mudança de atitude do Estado, criando linhas de financiamento para a hotelaria de pequeno porte – deixan- do de privilegiar os resorts , que são enclaves da economia turística – e promovendo a revisão da legislação, que entrava o desenvolvimento local sustentado e impede a circulação nacional da produção artesanal que, assim, jamais se fortalece 7 . Depende dessa reforma a criação do ambiente institucional de desenvolvi- mento da hotelaria cuja tendência mundial claramente a reclama. Um novo modelo de desenvolvimento que, além de permitir a acumulação local de riqueza, ampliará a diver- sidade da experiência gustativa hu- mana e, assim, superará o marco das relações perigosas entre a gastronomia e o turismo que a destrói. C ENTRALIDADE : Convergência E IMITAÇÃO Paris (séc. XIX) (séc. XXI) ES PM Depende dessa reforma a criação do ambiente institucional de desenvolvimento da hotelaria cuja tendência mundial claramente a reclama. Imagens do site: www.relaischateaux.com M ULTIPOLARIDADE Paris (séc. XIX) (séc. XXI) Europeus Países europeus Países asiáticos Países asiáticos Países americanos Países americanos Espanha Itália Espanha Portugal Tailândia Japão Tailândia China México Peru México Brasil Ex-colônias Rússia Ex-colônias Rússia Países europeus
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