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Mesa- Redonda 120 R E V I S T A D A E S P M – SETEMBRO / OUTUBRO DE 2008 rente de civilizações primitivas que atribuíram poderes mágicos a determinados objetos. Fetiche é crença no poder sobrenatural ou mágico de certos objetos materiais, que é do português feitiço, significa artificial; mas, geralmente, é a atitude de quem considera animados os objetos materiais (alguém faz isso com automóvel). E, mais embaixo: o homem atribui ao bem poderes que, em si, ele não possui en- quanto se ilude ao julgar que esse poder emanado do bem é intrínseco a ele. Em outras pala- vras, a bolsa Louis Vuitton, por si só, na verdade é uma hipoteca. Ela não vale trinta mil dólares, como as casas americanas não valiam um milhão e meio. É um valor relativo. Há duas palavras básicas que poderiam criar uma confusão total, e uma delas é va- lor – quanto vale uma casa hoje, ontem ou amanhã? E o que é fe- licidade? Então as várias marcas que não se baseiam num diferen- cial, que a sociedade já abando- nou, intrínseco... Provavelmente a Harley-Davidson ou o Rolls Royce, determinadas marcas de eletroeletrônicos, grande parte das marcas são fetiches. AMÁL I A – Voc ê me l eva a pensa r que a sociedade aceita que o corpo adoeça, mas esta mesma sociedade nega que a mente faça parte do corpo e, por conseqüência, adoeça também. Quando nega isso, ela não quer essas explicações que você acaba de dar. Sucesso e felicidade – que são duas coisas completamente distintas –, as pessoas misturam. Muitas vezes, a pessoa tem sucesso e é infeliz; e outra, que se considera feliz, nunca experimentou o gosto do sucesso. Aí entra a comunicação querendo dizer que “você para ser feliz tem de ser assim” e “para demonstrar que tem sucesso tem de ser assado”. E nós, pessoas, que e s t amo s c ami nhando e tentando formar uma idéia, nos curvamos a isso. E esse momento que estamos vivendo agora, na minha visão, tem muito a ver com o que se fala sobre o prazer momentâneo que é o hedonismo que, até para escovar os dentes, você quer um creme dental que tenha um saborzinho X, Y ou Z. Precisamos começar a entender também essas doenças que estão sendo geradas pelo excesso de consumo – e até mesmo as guer- ras – porque hoje as pessoas têm muitas bolsas. Se fosse só uma bolsa Louis Vuitton estava bom, mas elas têm vários sapatos. Um filósofo chinês disse que “um par de chinelos, necessidade; dois pares de chinelos, problema” porque uma hora você vai usar um e não sabe onde está o outro, você vai usar o outro e não sabe onde está o outro e isso, para você, vira um dilema. JRWP – Infelizmente, estamos che- gando ao final dessa discussão tão interessante, e eu proponho que façamos uma última rodada. Gos- taria de que cada um – sob a ótica da sua experiência e da sua atividade – tentasse responder à pergunta: a moda e os estilos de vida podem ser controlados ou eles é que controlam aquilo que a gente faz? LUCIANA – Acredito muito que somos i n f l uenc i ados . O que devemos fazer é tentar entender “EXISTEM QUATRO OU CINCO TIPOS DE CONSUMIDORES DO LUXO.”
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