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Moda e estilo de vida 121 SETEMBRO / OUTUBRO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M qual é o contexto que a sociedade está vivendo, naquele momento, e – aí sim – perceber para onde vai a moda e como se faz para tentar controlar isso. Falando um pouco da nossa experiência de Harley-Davidson: entendemos que a nossa sociedade passa por uma série de mudanças, e um dos valores que ela procura resgatar é a família, o bem-estar e a qualidade de vida. Quando se consegue encaixar um produto dentro desse sentido, dessa ori- entação, conseguimos um me- lhor resultado, porque se pode trabalhar não só o preço – que era o que comentávamos sobre uma bolsa que custa trinta mil e vai mudar na próxima coleção – e sim o valor que aquele produto vai trazer e quanto tempo vai f aze r pa r t e da sua v i da , de maneira diferenciada. O nosso trabalho é focado no reconheci- mento de que o homem trabalha uma vida inteira e que deixa de lado os valores que deveriam ou poderiam ser importantes, como família e bem-estar, e procurar reencontrar isso. GRACIOSO – Luciana, em ou- tras palavras, fazer o ser, o ter “A PUBLICIDADE CRIA NARRATIVAS FANTÁSTICAS SOBRE A MARCA.” e o pertencer trabalharem do teu lado. MÁRIO – Respondendo à per- gunta, ambos. O pertencer a gru- pos, a estilos. Algumas agências de propaganda usaram muito isso nos anos 80. A Young usava muito os perfis psicográficos do modelo VALS – Values and life styles, e ela também adaptou para o Brasil como 4 C’s: Cross cultural consumer characteriza- tion e hoje pipocam um pouco esses modelos. Por exemplo, sobre o consumidor do luxo da bolsa Louis Vuitton, o que se sabe hoje é que existem pelo menos quatro ou cinco tipos de consumidores do luxo, que já é um estilo de vida muito próprio; bem parecido com o aprendizado de vinho: quem começa a tomar vinho começa a tomar aquele vinho alemão adocicado da garrafa azul e aí vai aprimorando, até chegar ao vinho seco. Na base da pirâmide estão as pessoas que buscam o luxo por ostentação. À medida que vão crescendo, in- teriormente, penetram uma dimensão que não é mais de ostentação; é de desfrute. Não bebe mais um vinho cuja garrafa custe três mil reais, para provar alguma coisa aos outros, mas escolhe um vinho que custa oitenta reais, mas que ela sabe usufruir. Ao comprar um carro – no terceiro, quarto níveis – e ela vai escolher o Prius, nos Estados Unidos, que é um carro bom e ecologicamente correto. Ou seja, eu estou contribuindo para a comunidade, mas não quero deixar de ter um carro confortável, automático, com ar condicionado etc. Com certeza a sociedade mercadológica cria grupos e esses grupos se sentem, em tese, “felizes” por poderem externar um determinado perfil de consumo. CLÁUDIA – Falando do mundo do qual eu faço parte, que é o das revistas, acho que – de alguma forma – conseguimos editar a moda, usando um termo técnico, porque contamos o que é tendência, o que, verdadei- ramente, é moda da indústria

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