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Livia Barbosa 17 SETEMBRO / OUTUBRO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M surge no âmbito do vestuário, mas hoje se encontra instalada em quase todas as áreas da vida social. Fala-se demoda tantoparaovestir,ocomer,olazercomo para tecnologias gerenciais, autores intelectuais e eletrodomésticos. O que caracteriza a moda como fenômeno social é a sua referência e inspiração noscontemporâneosenãonosantepas- sados ena tradição; éa suaefemeridade e seqüência de pequenas alterações em torno de uma estrutura básica que permanece mais ou menos a mesma, ao longo do tempo. Do ponto de vista sociológico, a moda funciona como ummecanismo social complexo, na medida em que promove, simultaneamente, pertenci- mento e individualidade; tempoderes normativos ao estabelecer padrões e uniformidade dentro de um grupo, ao mesmo tempo emque funciona como um mecanismo libertador ao permitir que indivíduos quebrem com esta mesma uniformidade e normatividade ao adotá-la quando ela ainda não se tornou moda. Ironicamente, “quando a moda é, ela deixou de ser”. Estilo de vida, por seu lado, é um con- ceito utilizado para descrever formas padronizadas de consumo no âmbito da alimentação, do vestuário, do lazer, entre outros, de umdeterminado grupo social. Historicamente, o conceito de estilo de vida encontra-se associado a sociedades com grupos de status, como as sociedades tradicionais e de côrte. Nestas, a posição social de uma pessoa, no interior da estrutura social, determinava um modo de viver e de consumir regulado por leis suntuárias que independiam largamente da renda auferida pelos membros destes grupos. Oestilodevidanãoeraumaescolhadas pessoas. Era previamente determinado pelo pertencimento a um grupo, fosse este a nobreza, a burguesia, a igreja ou o campesinato. Assim, tanto a per- manência quanto a perda de posição social encontravam-sedefinidaspelaca- pacidade dos sujeitos de reproduzirem e manterem um determinado estilo de vida. Como nos relata Peter Burke em A Fabricação do Rei ; na França, um du- que ou conde tinham uma norma para determinar onúmeromáximoemínimo de cômodos que sua residência deveria ter, a quantidade adequada de pratos a O ESTILO DE VIDA NÃO ERA UMA ESCOLHA DAS PESSOAS. ERA PRE- VIAMENTE DETERMINADA PELOPER- TENCIMENTO A UM GRUPO, FOSSE ESTE A NOBREZA, A BURGUESIA, A IGREJA OU O CAMPESINATO. Foto: Kristo PETER BURKE H. Rigaud - Retrato de Louis XIV (1701) Ð

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