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Moda e estilo de vida 22 R E V I S T A D A E S P M – SETEMBRO / OUTUBRO DE 2008 ras entre os de dentro e os de fora, entre os semelhantes e os diferentes, entre os classificados e os classificadores, a fim de que se estabeleça a superioridade de estilos de vida particulares, que reivin- dicam para si mesmos a posse de bens simbólicos reconhecidoscomodotados “de valor de distinção”. Neste contexto, amoda funciona comoummecanismo de obsolescência cultural permanente que faz com que bens e serviços sejam descartados por um grupo social assim que este perceba que grupos sociais inferiores seapossaramdele, retirandoo seu caráter de distinção de que previa- mente se encontrava revestido. A segunda teoria vai na direção con- trária da capitaneada por Bourdieu, na medida em que ela desamarra o estilo de vida das determinações de classe na sociedade contemporânea. Ela encontra-se associada a autores como Giddens, Beck e Bauman, embora as implicações sociais que cada um deles deriva deste processo seja diferente. Em linhas gerais, o argumento afirma que, nas sociedades contemporâneas, diferençasnogostocultural,nospadrões de consumo e nos estilos de vida, de modo geral, não estão mais amarradas aos determinantes de classe e que este último deve ser entendido muito mais comoumaexpressãodeescolhaeauto- realizaçãodoquecomomaterialização de indicadores de status. Variáveis so- ciaisdo tipo idade, gênero, sexualidade, etnicidade, entre várias outras, são fundamentais na escolha daquilo que queremos ser, ter e parecer, permitindo aos indivíduos umarcomuitomaior de possibilidades – na forma como ele vai se relacionar e se alinhar com a socie- dade - e de escolhas no processo De construção e/ou reconhecimento de sua identidade. Na sua versão mais radical – ou “pós-moderna”, como querem alguns – é negado ao estilo de vida qualquer enraizamento es- trutural em variáveis sociais. Os indi- víduos constroem suas identidades a partir de seus desejos e caprichos, e não só podem como têm de escolher aquilo que querem ser e parecer no conjunto de possibilidades que se lhe apresenta pela sociedade de consumo. Estilo de vida se torna um projeto de vida. Como afirmaWarde em comparação com Bourdieu, va- mos do “habitus à liberdade”. A terceira e última posição, denomi- nadade argumentoonívoroversus uní- voro, relaciona-semais comconsumo cultural do que com estilo de vida CADA VESTIMENTA POSSUI MUITOS DIFE- RENTESSIGNIFICADOSEPODESEEXPRESSAR DIFERENTEMENTEQUANDOEMDISTINTOS CONTEXTOS SOCIAIS E COMBINADOS A OUTRASVESTIMENTAS E ACESSÓRIOS. Bina Sveda
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