Capa2.indd

Livia Barbosa 23 SETEMBRO / OUTUBRO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M BIBLIOGRAFIA propriamente dito e esta associada, historicamente, às pesquisas deWilen- sky sobre consumo cultural de pessoas com alto capital educacional nos Estados Unidos. Mais recentemente, autores como Peterson e Simkus e Peterson e Kern entre outros, a partir, tambémde dados empíricos, afirmam que a teoria da homologia entre status, classe e estilo de vida não consegue mais explicar a realidade. A razão não seria o fato de o consumo cultural ter se desenraizado da estrutura social, mas o estabelecimento de uma nova relação entre eles.Adiferença entre os segmentos mais altos e os mais baixos da pirâmide social não está na quali- dade daquilo que cada um consome, mas na quantidade da variedade que um e outro consomem. Os indivíduos no alto da pirâmide consomem tanto alta cultura como média e popular. Assim, o contraste é entre o onívoro (que tudo come e, no caso, consome de tudo) e o unívoro (aquele que só come uma única coisa, no caso, con- some apenas um tipo). Na Europa, inúmeros trabalhos têm discutido essas três posições, baseados emdados empíricos, e o argumentoda homologia entre as dimensões sociais – status, classe e estilo de vida – parece não se sustentar no contexto social atual. Se considerarmos unicamente o consumo de produtos culturais, princi- palmente música, o que se constata é que não só os membros pertencentes aos estratos mais altos da pirâmide social apreciam predominantemente música popular como os da base da pirâmide. Além disso, não é possível encontrar umaelitemusical que restrin- jaoseuconsumounicamenteàs formas mais elaboradas de música clássica. O mesmo ocorre com outros produtos culturais. No Brasil, não temos traba- lhos abrangentes nesta área, embora se registre uma influência profunda das idéias deBourdieu sema contrapartida empírica dos testes de suas teses entre nós. Recentemente, o Centro de Altos Estudos em Propaganda e Mar- keting realizou duas pesquisas entre jovens dos segmentos A e B sobre estilo de vida e consumo de música. BAUMAN , Z. 1988. Freedom . Open University Press, Milton Keynes. BECK , U. 1992. Risk Society: Towards a New Modernity . London: Sage. BLUMER , H. 1968. “ Fashion ”. In: D.L. Sills (Ed.) International Encyclopedia of the Social Sci- ences , vol. 5, p341-345. New York: Macmillan. BLUMER , H. 1969. “ Fashion : From class dif- ferentiation to social selection ”. In: Sociologica Quarterly. n o 10 p 275-291. BOURDIEU , P. 1984. Distinction : a social critique of the judgement of taste . London: Routledge & Kegan Paul BOURDIEU , P. 1984. “ Haute couture et haute culture ”. In BOURDIEU , P. Questions de sociolo- gie . P. 196-206. Paris: Minuit. BOURDIEU , P. & DELSAUT , Y. 1975. “ Le coutu- rier et sa griffe. Contribuitions à une théorie de la magie ”. Actes de la Recherche en scienses sociales. n o 1 p7-36. BURKE , P. 1997. A Fabricação do Rei. A Cons- trução da Imagem Pública de Luís XIV . Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar. CHAN , T. W. & GOLDTHORPE , J. H. Social stratification and cultural consumption music in England . Working paper n o 23. Working Paper Series - Cultures of consumption, ESRC – AHRC Research Programme. London: Birkbeck College. DAVIS F. Fashion, Culture, and Identity . Chi- cago: University of Chicago Press, 1992. EWEN , S.1988. All consuming images: The politics of style in contemporary culture . New York: Basic Books. FEATHERSTONE , M. 1987. “ Lifestyle and consumer culture ”. Theory, Culture and Society. N o 4 (1). P55-70. GIDDENS , A. 1991. Modernity and self-iden- tity: Self and Society in the Late Modern Age . Cambridge: Polity. KROEBER , A. L. The nature of culture . Chicago and London: The university of Chicago Press. LIPOVETSKY , G. 1997. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas . São Paulo: Companhia das Letras. PETERSON , R. A. & KERN , R. M. (1996). “ Chan- ging highbrow taste: From snob to omnivore ”. American Sociological Review, 61 (5). P 900-907. PETERSON , R. A. & SIMKUS , A. 1992. “ How musical tastes mark occupational status groups ”. In: LAMONT, M. & FOURNIER, M. (eds.) Cultivating differences: symbolic boundaries and the making of inequality. P 152-186. SIMMEL , G. 1957 [1904]. “ Fashion ”. American Journal of Sociology, 62 (6). p 541-558. SIMMEL , G. 1997 [1905]. “ The philosophy of fashion ”. In: FRISBY. D. & FEATHERSTONE, M. (Eds.) Simmel on culture. P. 187-206. London: Sage. VEBLEN , T. 1992. [1899]. “ The theory of the leisure class ”. London: Transaction Publishers. WARDE , A., TOMLINSON , M. & MC MEEKIN , A. 2000. Expanding tastes? Cultural omnivorous- ness and cultural change in the UK . The Univer- sity of Manchester CRIC Discussion Paper n o 37. WILENSKY , H. L. 1964. “ Mass society and mass culture: Interdependence or indepen- dence? ” American Sociological Review, 29(2). P 173-197. Em ambas, e comparativamente ao consumo de música de outros seg- mentos sociais, verificou-se o con- sumo de diferentes estilos musicais sem que fosse possível se identificar uma relação entre a posição social desses jovens e o consumo de estilos musicais específicos. LIVIA BARBOSA Doutora em Antropologia Social pelo PPGA/UFRJ. Mestre em Ciências Sociais pela Universidade de Chicago/ EUA. Pesquisadora do CAEPM/ESPM. ES PM

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx