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27 SETEMBRO / OUTUBRO DE 2008 – R E V I S T A D A E S P M Nelson Varón Cadena cinco, noespaço reservado, commesas ecadeiras ricamentedecoradas, tecidos de seda, e dezenas de ventiladores de tetoparaamenizaromormaçodoverão. As suas vitrines de rua eram renovadas todas as semanas, trabalho que en- volvia vários funcionários e certamente especialistas em decoração de lojas, a julgar pelo resultado. No Parc Royal, que se autodenominava “o templo da moda”, nada era improvisado, muito menos a comunicação. CATÁLOGOS E MARKETING DIRETO Nos fundos do estabelecimento fun- cionava um atelier gráfico, durante muitos anos gerido pelo talento ímpar de um português esquecido, provavel- mente irascível, o Manuel de Mora, a quem já tivemos a oportunidade de identificar como o ilustrador anônimo da primeira capa da revista O Cruzeiro (1928).Moracrioumaisdeumacentena deanúnciosinstitucionaisedeofertasdo Ao Parc Royal, veiculados em revistas; seguramente os melhores anúncios do varejo demoda no início do século XX. Também criou e produziu cartazes, cartões postais e catálogos ilustrados. O Parc Royal teria sido pioneiro nessas açõesdemarketingdireto, antecipando- se às Casas Sloper, Casa Allemã e ao Mappin Stores. A excelência do ponto-de-venda é o mote a ser explorado pela propaganda, logo que as técnicas fotográficas e o advento da zincografia se popularizam entre nós. E nesse contexto surgem re- vistas impressas em papel couchê com qualidade de impressão; agora sim, semelhanteàsrevistaseuropéias.Aslojas de moda exibem, nesses primórdios do século XX, a sua fachada nos anúncios. Mas algumas preferem destacar o seu interior em fotos que revelam o luxo e sofisticação do conjunto. As revistas exibem corredores, escadas, deta- lhes da decoração, hall principal do Ao Parc Royal, Casas Sloper, Casa Raunier, Mappin Stores, Royal Pala- ce, Ao Louvre, A Torre Eiffel, Casa Colombo, dentre outras. O BOOM DOS CALÇADOS E CHAPÉUS A libertação dos escravos em 1888 provoca uma reviravolta no hábito de vestir. O comércio ganha dezenas de milhares de novos consumidores ávi- dos por calçar um sapato, doravante um símbolo de status para a massa humana que recém conquistara o seu direito de ir e vir e administrar a sua própria vida. Surgem lojas especializa- das em todas as grandes cidades e esse “boom” calçadista traz, a reboque, es- tabelecimentos de luxo que vendiam apenas sapatos, alguns deles sapatos e chapéus, indumentárias, que antes eram adquiridas apenas nos maga- zines de moda, aqui referidos. Surge a Casa Clark, filial da casa londrina, inicialmente no Rio de Janeiro, mais tarde em São Paulo e Salvador. A Casa Clark não era apenas um ponto-de-venda do varejo, mas uma MANUEL DE MORA, A QUEM JÁ TIVEMOS A OPORTUNIDADE DE IDENTIFICAR COMO O ILUSTRADOR ANÔNIMO DA PRIMEIRA CAPA DA REVISTA O CRUZEIRO (1928). OSCHAPÉUSBRUNETTO,DES- TAQUE PARA O PRODUTO, INSERIDOS NO CONTEXTO DEUMAOBRADEARTE, NES- TA ILUSTRAÇÃO DE 1922. Brunetto Cioni e & Cia. (Fábrica de chapeus de palha) - São Paulo

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