Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010

R E V I S T A D A E S P M – setembro / outubro de 2010 16 } O grande tema do congresso foi a democracia, que nasceu com a l iberdade de expressão e pre- cisa dela para que o Estado não tome o controle da opinião. ~ ENTREVISTA GRACIOSO – Pela cobertura que vi na imprensa, o 8 o Congresso Brasileiro de Jornais discutiu temas vitais para o fu- turo do jornalismo. JUDITH – Os resultados superaram as ex- pectativas, em termos de repercussão devido à qualidade dos debates, a presença dos três principais candidatos à presidência (Dilma Roussef, José Serra e Marina Silva) e o com- promisso assumido por eles com a liberdade de expressão e a própria democracia. Os três assinaram a Declaração de Chapultepec – documento desenvolvido pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), em defesa da liberdade de imprensa e de expressão –, que já foi assinado por muitos líderes latino- americanos, como o presidente Lula e o ex- presidente Fernando Henrique Cardoso, por iniciativa da ANJ. Também anunciamos a intenção de constituir um Conselho de Au- torregulamentação em Jornalismo. GRACIOSO – Corajosa. JUDITH – Até porque a ANJ tem um Regi- mento e um Código de Ética. Quando os 146 membros da ANJ ingressaram na Associação, se comprometeram com uma série de prin- cípios de ética na condução do jornalismo. Queremos avançar e oferecer ao público um exercício de transparência. É um compromis- so polêmico, tanto que, internamente, temos divergências em relação ao funcionamento desse Conselho. Os debates e cursos que vamos empreender agora são para caminhar no sentido de uma convergência. A ideia é firmar a posição pública de que o jornalismo não aceita controles, especialmente vindos de órgãos governamentais. GRACIOSO – Durante muitos anos traba- lhei em agências e conheço bem a impor- tância do CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), que contribuiu para afastar qualquer intenção governamental de frustrar a propaganda. Certamente o mesmo vai ocorrer com vocês. JUDITH – Nossa inspiração tem sido o trabalho do CONAR. Durante o Congresso, tivemos painéis específicos sobre a importância da publi- cidade para a liberdade de expressão e o exercício da democracia. Tambémtivemos uma discussão sobreos novos formatos digitais eo impactodeles sobre o jornalismo e, por consequência, sobre a própria democracia. GRACIOSO – Recentemente, foram di- vulgados os números de crescimento publicitário no primeiro semestre do ano. Os jornais cresceram 8% em verbas e a Internet teve um aumento de 37%. Isso é curioso e irônico, porque sabemos que 60% do conteúdo da Internet são produzidos pelos jornais. JUDITH – Exatamente. O jornal, como a mais antiga das mídias, continua tendo um papel fundamental nessa produção, que é reverbe- rada de forma livre na Internet. O problema não é a questão de ser livre, mas de ser devi- damente remunerada. O que sabemos é que as redações dos grandes jornais têm centenas de jornalistas bem remunerados, porque são profissionais que fazem um trabalho de muita responsabilidade. Considerando que as mídias estão convergindo para a Internet, a questão é como vamos criar um modelo adequado que permita a continuidade da produção do con- teúdo de qualidade e credibilidade.

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