Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010
setembro / outubro de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 31 rios aprenderam o método “Igreja/Estado”. E ele dá certo porque traz dinheiro. A redação trabalha melhor,aáreacomercialcorremaissolta,avidaflui commais clarezaemuito,muitomais eficiência.A escala do negócio cresce. A confiança do público se institucionaliza emcredibilidade, e esta reverte em ganhos. Foi assim que surgiram os grandes impérios da imprensa. Foi exatamente assim, por mais que esses impérios tenham, em sua forma- ção, capítulos de vício, de corrupção e de baixeza. PARTE III Ética de imprensa e lucro não são contraditórios Ébemocontrário: seméticana imprensa, o lucroé curto.Como jáseafirmouporvezes incontáveis–e ainda terá de ser reafirmado, por muitas mais –, a ética da imprensa é parte constitutiva da saúde do negócio. Umempreendimento que vai bemnão é necessariamente vicioso (às vezes é, mas não te- nhamos issocomoregra); jornalismorigoroso, que não faz concessão e que não trai nemnas vírgulas a confiança que recebe do público, não é fonte de prejuízo, não é inimigo da prosperidade. Uma redação de brio, numa boa empresa, é a melhor receita de bons faturamentos. Os empresários mais preparados logo aprenderam a desconfiar do pessoal do “Estado” que reclama em demasia da inflexibilidade do pessoal da “Igreja”, assim como aprenderama se acautelar comeditores que seesmeramemmostrarproficiência linguísticano jargão do ibítida . A virtude na empresa jornalística corresponde ao interesse público, por certo.Mas issonão significa queelaseja inimigaderentabilidade.Normalmen- te, ela remunera o capital. Nas empresas públicas – uma BBC, entre outras poucas –, a virtude gera valor napercepçãodopúblico. Dá retorno. Avisão do método “Igreja/Estado” como um campo de batalha, com duas falanges conflagradas, foi – e é – um dos equívocos mais melancólicos que já se cometeu – e se comete – no mercado editorial. É como se a “Igreja” só tivesse que ser tolerada porque serve para maquiar a empresa com uma aparência de isenção, nada mais que isso. É como se o “Estado” fosse o único adulto da brincadeira, como se só ele abrigasse as boas práticas que geram receita. Com isso, o próprio conceito de Ética Jornalística seviuescanteado.Aética, nahistóriada imprensa, existe para proteger a credibilidade. Pode-se resu- mir a ética, sem perda alguma, nessa única frase. Jupiterimages
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