Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010

R E V I S T A D A E S P M – setembro / outubro de 2010 32 Sem outros complementos. Tudo o que concerne à ética jornalística diz respeito à proteção da cre- dibilidadedodiscurso jornalístico. Ecredibilidade, não custa repetir, tem imenso valor demercado. É o cernedovalor em jornalismo. Fixemos bemesse ponto. A credibilidade – ou a reputação, como se diz, commais frequência, na era digital – é o valor em torno do qual os demais se articulam. É para ela, credibilidade (ou reputação), que concorrem todos os serviços prestados aopúblico emmatéria de informação jornalística. A excelência constrói e reconstrói a credibilidade e ela, credibilidade, depois, propulsionaoalcance social da excelência. É verdade que o mesmo raciocínio vale para qualquer negócio, ao menos em tese. Mas aqui existe uma diferença mortal. A credibilidade, no jornalismo, depende da independência: a redação não pode ser – nem pode parecer que é – subser- viente aopoder que cabe ao jornalismo investigar: o poder político ou o poder econômico, tanto faz. Isso porque a imprensa, que se estabeleceu nas democracias como um negócio independente, é tambémuma instituiçãoda democracia. Antes de ser negócio, ela é instituição. Mais que negócio, é instituição. Ela é uma instituiçãoque só vive se for independente, tanto do poder político quanto do poder econômico. Aí é que entra, agora em outro nível, a com­ preensão das razões históricas que concorreram para que se erigisse essemétodo conhecido como “Igreja/Estado”: ele tem a função de proteger a independênciaeditorial daspressõesqueelapode sofrer de agentes que se encontramno interior da própria empresa jornalística. Exatamentepor isso, aliás,avisãomoralistaemoralizantedessemétodo encontrouterrenofértil: de fatoexistem, no interior de qualquer empresa jornalística, interesses que entram em conflito (o do leitor e o do anunciante, por exemplo). Esses interesses estão lá o tempo todo. Para quem insiste emver as tensões sempre como uma polarização entre bem e mal, o bem e o mal lá estão, atuando 24 horas por dia. Por isso, enfim, é que a visão moralizante encontrou um terreno fértil no interior das empresas. Por suavez, esses interessesqueentramemconfli- todentrodas organizações se enraízamemforças externas, queseestruturamforadasorganizações. Essesfeixesdeinteressevêm,naturalmente,defora para dentro. Não há como barrar o ingresso dos interesses numa corporação, seja ela pública ou James Woodson

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