Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010

setembro / outubro de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 43 } É evidente que a função exercida pelo jornalista é diferente da atividade exercida pelo assessor de imprensa de uma empresa pública, privada ou até mesmo de uma personalidade, um ar tista. ~ iniciativa do Poder Executivo. Um deputado não pode dizer que vai criar uma despesa e fazer um Projeto de Lei, é inconstitucional. Ao tomarmos conhecimento disso, procu- ramos a Controladoria Geral da União, a Presidência da República, o Ministério da Justiça, todos os Ministérios envolvidos e começamos a dizer que eles precisavam en- viar o Projeto de Lei para o Congresso para que fosse analisado e aprovado. Claro que tem o mérito do governo de ter tido a sen- sibilidade de fazer isso, mas teve a pressão dessa parcela da sociedade civil que queria a Lei, aí representada pelo Fórum. Enviado no ano passado, o projeto já foi aprovado pela Câmara e neste momento continua tramitando no Senado. É um projeto que, se não é perfeito, irá produzir um avanço institucional gigantesco para o Brasil, caso seja aprovado. EUGÊNIO – Fala-se muito que a impren- sa existe para abastecer o cidadão com as informações que ele tem o direito para poder exercer, fiscalizar e delegar o poder. Em qual lugar você posiciona- ria a imprensa nesse tipo de debate? FERNANDO – Essa é uma questão comple- xa. Uma das funções do jornalista é fiscalizar o poder. Mas não é só isso. O jornalista pro- move discussões e ajuda a inserir novos te- mas que não estão presentes no dia a dia das pessoas. Para um jornalista, boa reportagem é tudo aquilo que alguém não gostaria de ver publicado. Tudo aquilo que alguém não quer que seja publicado, deve ser publicado. Claro que é uma generalização, mas essa é a função precípua do jornalista. Ele está comissionado para olhar para as forças que atuam na sociedade e explicar à sociedade como aquelas forças estão desempenhando o papel delas. E, muita atenção: não é só o poder público, o privado também, porque a iniciativa privada hoje tem uma influência enorme na vida do cidadão. EUGÊNIO – Hoje, no Brasil, muitos ain- da entendem que jornalista e assessor de imprensa exercem a mesma profis- são, mas o assessor de imprensa, por exemplo, nunca divulgará uma notícia que desagrade seu contratante. Para você, jornalista e assessor de imprensa desempenham a mesma profissão? FERNANDO – Não. É triste ver que, no Brasil, essas duas profissões – nobres e essenciais para o bom funcionamento da sociedade – tenham sido postas juntas no mesmo balaio. Seria excelente que os jorna- listas e os assessores de imprensa pudessem conviver e se relacionar, mas cada um tendo a sua associação de classe. É evidente que a função exercida pelo jornalista é diferente da atividade exercida pelo assessor de impren- sa de uma empresa pública, privada ou até mesmo de uma personalidade, um artista. Seria utilíssimo se pudéssemos separar essas duas funções e deixar muito claro que cada uma tem o seu valor, nenhuma é melhor do que a outra, todas as profissões merecem respeito, mas são diferentes. EUGÊNIO – Para terminar, tem algum episódio em que precisou esperar muito tempo para obter uma informa- ção, entrou com pedido, teve de fazer recurso? F e r n a n d o R o d r i g u e s

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