Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010
setembro / outubro de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 67 a Rede continua a falhar: a publicidade da versão webnãocompensa, por sermuitomaisbarataque na versão de papel. É, por isso, injusto obrigar o leitordoquiosque, quecompraodiário, asubsidiar o leitorda telaque lêgratuitamenteaediçãodigital (RAMONET, 2009). MichaelWolf, da Newser , prevêodesaparecimento de 80% dos diários norte-americanos. Rupert Murdoch acredita no desaparecimento de todos os diários já na próxima década. Se piorar, melhora? Ao fator conjuntural dacriseeconômicaglobal que provocou a redução da publicidade e a redução de crédito adicionaram-se os males estruturais do setor: amercantilização da informação; o apego à publicidade; a perda de credibilidade; a queda de subscritores; a competência da imprensa gratuita e o envelhecimento dos leitores… (RAMONET, 2009). Entreesses “erros”, aperdada credibilidade é considerada a mais relevante, quer por parte de ElisabethRibbans ( TheGuardian ), querpor Ignacio Ramonet ( LeMondeDiplomatique ).Aestesomam- seaobsessãoatual pelo imediatismo (quepropicia amultiplicação de erros) e o apelo demagógico ao “leitor jornalista”paraque coloque, nawebdo seu jornal, o seu blog, as suas fotos ou os seus vídeos (o que tambémcontribui para o aumento do risco dadifusãode erros).Mais grave, ainda, é a adoção da defesa da estratégia da empresa como linha editorial (prática atual dos diários dominantes), que conduz à imposição de uma leitura subjetiva, arbitrária e partidária da informação. Para que servem mesmo os jornalistas? Efetivamente, as fontesde informaçãoabundam... O ritmo e a escala da mudança variam por país, mas os motores da mudança permanecem si- milares: menos pessoas compram jornais numa base diária, há mais acessos online às notícias, e aumenta a constatação de que os jornais gratuitos são “suficientemente bons” para completar o tempo de viagem. Encontrar informação fidedigna no infinito mar de informação – sobretudo na Internet – não é evidente, como observa o sociólogo Roberto Cox: “Não imagino um mundo sem bom jornalismo. Seriaummundomuitomaispobre.Omundonão pode ser dado diretamente, tem de ser mediado. E o papel do jornalista não acaba aí. Na era da Internet, é importante que o jornalista funcione como uma espécie demapa, deGPS, para encon- trar a informação fiável no meio de todo o resto. Há muito trabalho bom, mas também há muita informação política e ideológica. É um campo minado onde quase nunca há editores”. Veja-se o desencadeamento da campanha de calúnias contra governos e presidentes, difun- didas pelos meios de comunicação dominantes e cúmplices habituais em sequência de reformas democráticas (necessárias), empreendidas por alguns governos (Argentina, Equador, Bolívia, Venezuela) contra “latifúndiosmidiáticos”degrupos privados em situação de monopólio. A América Latina não foi exceção, pois a história repetiu-se na Europa. E, no entanto, nunca os diários tiveram tanta audiência, nem jamais se registrou um } Sem a confiança dos leitores, as mídias não têm produto. É o elemento mais impor- tante da estratégia do jornal ~ , segundo Eli- sabeth Ribbans, editora do The Guardian. © Amazon.com
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx