Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010

R E V I S T A D A E S P M – setembro / outubro de 2010 68 crescimento tão exponencial do número de lei- tores devido à Internet. Onde procurar soluções? O público fragmenta-se – mesmo ao tornar-se mais global –, e a Internet está lançando umnovo canal para conteúdo e publicidade, com modelos de negócio a serem testados. Em alguns casos, verificam-se pedidos de micro- pagamentos aos leitores para deixá-los aceder em exclusivo às informações online (com base no exemplo do iTunes) (RAMONET, 2009). Já em janeiro deste ano, Rupert Murdoch optou por exigir pagamentos por qualquer consulta do The Wall Street Journal , independentemente da tecno- logia (telefones Blackberry ou iPhone, Twitter ou o leitor eletrônico Kindle). A própria Google está a “cozinhar” uma receita que lhe permita cobrar por toda leituradequalquerdiáriodigital e reverter uma parte à empresa editora... Títulos como o The Wall Street Journal , o The New YorkTimes ouo TheWashingtonPost irãosobreviver graças aos recursos para continuar a apostar em matériasexclusivas, frisaminúmerosespecialistas. Rentabilizar esses trabalhos que requerem um investimento significativo – em deslocamentos, compra ou aluguel de material etc. – permanece, contudo, o desafio final. Richard Stengel, da Time , defende que “trabalhos exclusivos evisões alternativas sãoprodutos valio- sos, tendo de ser pagos”. Marshall Yngwerson, do The ChristianScienceMonitor , sublinhaque“opri- meiroaadotar esta solução tornar-se-á irrelevante (nomercadoda Internet), porqueos consumidores irão imediatamente à procura do conteúdo grátis. Todavia os títulos online não estão preparados para substituir os irmãos mais velhos em papel. Emfontede receita, aindaqueos jovens se tenham habituado a não pagar o que consomem, a Inter- net perde para a imprensa: “o mercado de jornais ainda é de onde provém a maioria das receitas” (GARRIDO, 2009). Ainda que a expansão do online permaneça crítica para o futuro de grupos editoriais, visto os anunciantes redistribuírem os investimentos de acordo comamudança de com- portamentodopúblico. Apostaram, pela primeira vez,maisnoonlinedoqueemjornaisnacionaisem 2006 (noReinoUnido). Amídia “antiga” sente-se, portanto, ameaçada.Contudoresta-lheumtrunfo: a confiança/credibilidade. Onde procurar a verdade? “Sem a confiança dos leitores, as mídias não têm produto. Éoelementomais importantedaestraté- giado jornal”, segundoElisabethRibbans, editora do The Guardian . Especialmente num setor cujo maiorserviçopúblicoédesvendaredenunciarmás práticas e corrupçãoa todos osníveisda sociedade e manter os governos e os negócios debaixo do olho. Capturar amente dos leitores pede, por isso, umacoberturaeditorial independente:maisdeum terço (35%), de aproximadamente 300 jornalistas americanos declararamque notícias que ferissem interessesfinanceirosdeorganizaçõesdenotícias, frequentemente ou algumas vezes, deixariam de ser noticiadas (SUSTAINABILITY, 2004). O nível de transparência depende de uma ges- tão da organização alinhada com os valores, em paralelo com a propriedade dos grupos/ empresas de mídia. Após “beliscar” incessan-

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