Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010

setembro / outubro de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 69 NOTAS 1. Professores Miguel Garrido e Sam Scchuflerwhol. 2. Entrevistas realizadas com mais de 10 mil pessoas no Reino Unido. 3. Claude-Jean Bertrand, professor emérito no Instituto Francês de Imprensa. 4. A organização-mãe do Guardian Media Group. BIBLIOGRAFIA SANDRINE LAGE Mestre em Sustentabilidade pela Universidade de Cranfield (Reino Unido), é autora do livro “ Susten- tabilidade na mídia: o poder de (in)formar ” (Envol- verde, 2009), editorialista e palestrante. e-mail: slage@sperantia.pt temente a credibilidade da audiência em geral, será o fim da ditadura dos anunciantes e da primazia dos interesses privados dos acionistas, gasta que está a fórmula da concessão do lado editorial aos mesmos? Aquestão repete-se: “Como equilibrar a lógica co- mercial comos valores?”Àsemelhançadamaioria dos jornais, ronda a ameaça das ações não lucra- tivas. O que, por si só, constitui um fator de maior vulnerabilidade da mídia (não apenas a imprensa diária), face à manutenção da independência do jornalismo praticado. “Num mundo a encolher”, todos – sem ex- ceção – têm de justificar a sua existência (no mercado). Manter simultaneamente a presença da imprensa com investimento – que implica a ausência de recursos extra – é uma das apostas do The Guardian que não abdica de ingredien- tes-chave: reputação de inovação; qualidade; confiança; integridade e recursos para apostar em matérias exclusivas. Na prática – incluindo os proprietários da publicação e os diretores – o investimento do The Guardian para atingir os níveis mais elevados de accountability é propor- cional à enorme influência que tem na opinião pública, no interesse público e, por fim, no comportamento desse público. Uma alternativa ao adiamento da mudança e da fuga à prática de um exercício de desformatação. Eis o lado positivo da crise a abrir portas à regeneração. Tratar-se-á do início de uma nova caminhada para o setor? Através do conceito liderado eman- tido vivo pela Scott Trust 4 , bem como pelos seus leitores (e anunciantes), algumas sementes estão lançadas. E a liberdade do grupo, decorrente da ausência de pressões por lucro a curto prazo, ga- rante um jornalismo independente que sustenta, por sua vez, uma democracia efetiva. Ao contrário de outros negócios, opreçodeumapossível perda da imprensa/extinção paga-se com o declínio da democracia. Daí a urgência de resgatar um papel devanguardaquepermitaàmídia–emparticular, a imprensa – encontrar-se entre o papel infor- mativo – que acaba por ser educacional – e a sua natureza empresarial. Ou repensá-la... EVANS , Richard. THE GUARDIAN, THE OBSERVER, GUARDIAN UNLIMITED,LivingourValues:sustainabilityreport2008,p.8;p.34. LAGE , Sandrine. Entrevista a Nicolas Hulot, ecologista: A crise das crises é uma chamada à ordem .Anuário de Sustentabilidade, Junho de 2009, p.26; Jornal Público. LAGE ,Sandrine.S ustentabilidadenamídia:opoderde(in)formar . Envolverde, 2009. LOURENÇO , Ricardo. A crise em letra de imprensa. Jornal Ex- presso, 23/05/2009, p. 33. MACHADO ,Ana. Entrevista a Roberto Cox,sociólogo:As pessoas não querem ouvir falar de ambiente, mas isso vai passar. Jornal Público, 03/04/2009; consulta às 09h03. MORI (2005). You are what You read? RAMONET ,Ignácio. Aimprensadiáriaestámorrendo? Envolverde, 06/10/2009. SUSTAINABILITY, UNITED NATIONS ENVIRONMENTAL PROGRAM ANDKETCHUM (2001). GoodNews and Bad:themedia,corporate social responsibility, Executive Summary. SUSTAINABILITYANDWWF-UK (2004).Through the looking glass: corporate responsibility in the media and entretainment sector, estudo de lideres de opinião; PP.1-23. ES PM

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