Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010
R E V I S T A D A E S P M – setembro / outubro de 2010 70 Mesa- redonda A ara onde vai o jornalismo? Apergunta temum quêdedramática, talvez tenhamesmouma ex- cessiva carga dramática. E também uma carga cômica: alguémpoderia dizer que o jornalismo vai mais oumenos para onde vão os jornais lidos, oumesmo não lidos, todos os dias: vai forrar gaiola de passarinhoou vai para a reciclagem. Ainda assim,muitos se perguntamse essa profissão tem lugar no futuro. Para alguns, a oferta de notícias gratuitas na Internet tende a reduzir o ofício dos repórteres e dos editores numa espécie de brinde editorial, algo que vai de graça, algo oferecido por empresas maiores, cujo negócio não temmais nada a ver com os velhos modelos de negócio dos diários independentes, pelos quais o público leitor sempre pagou, e pagou comgosto, e dos quais nasceram verdadeiros impérios de comunicação, liderados por magnatas lendários. Se a informação jornalística vai de graça, a sociedade não precisa mais sustentá-la diretamente, nem no sen- tido econômico e muitomenos no sentido institucional, político. É bomnão nos esquecermos de que a imprensa independente só existe porque se ergueu como insti- tuição livre, afastada do Estado – e ela só conseguiu se erguer desse modo porque os cidadãos, pagando por notícias de credibilidade, lhe deram sustentação (eco- nômica e, consequentemente, política). A isso, veio se somar o anunciante, que ajuda a patrocinar o jornalismo Jornalismo não é invenção, é necessidade P de qualidade para ter, nos veículos jornalísticos, um diá- logo de qualidade comseus públicos. Enfim, se omodelo de negócio do jornalismo vai mudar, e vai, a pergunta, ainda que dramática, ainda que um tanto cômica, tem lá o seu sentido. E vai mais longe: em que medida as novas tecnologias afetaram a natureza da prática de imprensa? E as redes sociais? Num tempo em que qualquer cidadão apura e edita seunoticiáriopessoal, paraque servemos jornalistas profissionais?Nesse contexto, oque significa, exatamente, editar conteúdos? O que significa ser curador do diálogo social? O que significa mediar o debate público? Sim, é verdade que algumas dessas indagações são ve- lhas – ou velhas de dez anos, digamos. Mas continuam a inquietar os profissionais, os empresários, as entidades representativas do setor, e, principalmente, as escolas encarregadas de formar jornalistas. Por isso, em torno dessas indagações, a Revista da ESPM convocou a mesa- redonda que transcrevemos a seguir. Para tomar parte dela convidamos Beto Gerosa, diretor de conteúdo do iG; Celso Schröder, presidente da FENAJ; FranciscoGra- cioso, presidente do Conselho Editorial; Jayme Sirotsky, presidente emérito do Grupo RBS; Maria Célia Furtado, diretora executiva da ANER; Thomaz Souto Corrêa, vice-presidente do Conselho Editorial do Grupo Abril. A moderação ficou a cargo de Eugênio Bucci, jornalista, professor daECA-USPediretor doCursodePósGradua ção em Jornalismo com ênfase em Direção Editorial, a ser oferecido pela ESPM, em parceria com o Instituto de Altos Estudos em Jornalismo, a partir do ano que vem. Fotos: Junior de Oliveira
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