Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010
setembro / outubro de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 75 } Não teremos mais os veículos mas- todônt icos do passado e sim veículos for tes e impor tantes em áreas cada vez ma i s bem def inidas . ~ curadoria. Colocamos mais jorna- listas, criamos uma estrutura de redação tradicional, temos editores executivos divididos por áreas, até porque viemos da mídia impressa. E isso não é um problema. Estamos apostando naquilo que a Internet tem de bom: a rede social. É bom que as pessoas comentem as nossas notícias e as espalhem pelas suas redes sociais. Também criamos uma equipe de arte para fazer infográfi- cos, um trabalho que consiste em transformar bancos de dados numa visualização de fácil entendimento. Contratamos 30 pessoas só para pegar aqueles dados estatísticos do IBGE, por exemplo, e os interpretar de uma nova forma visual. As re- vistas já fazem isso muito bem e a Internet consegue fazer um pouco mais à frente porque permite que você interaja e veja os números que quiser. No iG publicamos emmédia seiscentas notícias por dia – nossas e de agências. Para isso, investimos em jornalismo, qualificação, apura- ção séria e checagem. Na Internet, a velocidade é maior, mas isso não impede que todas as lições de jorna- lismo sejam postas em prática. Essa qualificação vai proporcionar aos portais mudarem essa imagem da coisa passageira e imediatista. A In- ternet oferece a possibilidade de ver antes. Se você pegar o jornal de hoje – e não é uma crítica –, a maior parte das notícias que não são exclusivas ou furos está na rede. Então, quan- do você abre um jornal tem uma sensação esquisita, mas o próprio jornal também está se renovando. Como ganhar dinheiro com isso? Em 2009, na Grã-Bretanha, o meio Internet conseguiu mais dinheiro de publicidade que a tevê. Hoje, o valor da publicidade na Internet ainda é infinitamente menor do que no meio revista, mas os portais têm outras fontes de renda, como venda de banda, de serviços, cursos de inglês e uma série de coisas. É uma espécie de classificados. E ainda têm o classificado associado a uma notícia, o famoso link patrocinado. Não tenho a resposta que vale vários milhões de dólares, mas sei que o caminho é esse. GRACIOSO – Quem é o leitor de jornal e quem é o leitor do veículo impresso? Perguntei ao diretor da Walmart – que, recentemente, abriu uma grande loja virtual – o porquê desse investimento. E ele respondeu que foi para atingir, principalmen- te, um tipo de público que as lojas físicas jamais atingirão. Creio que esta é a resposta que muitos jornais dariam também, porque os senho- res, diretores de jornais, continuam a publicar O Estado ou o Zero Hora em papel e, entretanto, têm agora edições na rede. Consciente ou inconscientemente, vocês sabem que estão atingindo a um público que jamais leria o jornal de papel. É um público mais jovem, inquieto, menos focado na cultura da notícia sobre papel e que, de repente, pas- sou a ser atingido numa proporção jamais imaginada. Graças à Inter- net, o público que hoje é atingido pela informação aumentou muito no Brasil. É gente que jamais leu jornal e que iniciou o hábito da leitura através da web. Tentando interpretar a frase do Thomaz que “morrem tantos e nascem tantos”, diria que nascem, de fato, todo dia, dez mil futuros usuários da web que um dia, em suas vidas, vão virar leitores de jornais e revistas. Essa é a minha aposta. É uma tendência natural, as pessoas amadurecem, envelhecem e não se contentam mais com a amostra grátis da web em termos de notícias e informação – que é sempre apenas uma parte do que os jornais publicam. Tanto que 60% do conteúdo da Internet vêm do próprio jornal, a grande fonte que alimenta a informação. Tentando responder à pergunta sobre quem é o nosso leitor nos jornais e revistas, talvez se encontre a resposta para essa crise, no sentido de que não é mais um universo único. Teremos cada vez mais de segmentar e nos concentrar em determinados ni- chos do universo da população. O jornal, que sempre foi universal por excelência, as revistas que sempre tiveram segmentos enormes à sua disposição, terão segmentos meno- res, mas serão lidos com respeito, interesse e necessidade por muita gente. Vocês sabem muito bem qual é a revista que fica na sala de espera dos consultórios de médicos e dentistas: Caras . Como se diz: “Se a Caras não deu, o casamento não aconteceu”. Enfim, não teremos
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