Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010

R E V I S T A D A E S P M – setembro / outubro de 2010 76 mais os veículos mastodônticos do passado, e sim veículos fortes e importantes em áreas cada vez mais bem definidas. É uma pro- vocação talvez, mas é também o ponto de vista de um publicitário que tem mais uma coisa a dizer: nesse primeiro semestre de 2010, a propaganda continuou a retomar a sua força no Brasil e a grande benefi- ciária foi a imprensa falada e escrita. De janeiro a julho – o Intermeios acabou de divulgar – crescemos em verbas publicitárias cerca de 31% sobre o primeiro semestre de 2009. Projetando isso para o ano de 2010, daria para o Brasil um faturamento publicitário em torno de R$ 38 bi- lhões, ou seja, US$ 22 bilhões – mais do que Alemanha ou Canadá. A propaganda vai ter cada vez mais dinheiro para a imprensa, vocês vão ter de estar atentos a isso. EUGÊNIO – Algumas revistas im- pressas vão muito bem, como The Economist , New Yorker ... MARIA CÉLIA – Sim. Temos alguns exemplos de publicações que estão usando a Internet de maneira fan- tástica. Realmente, a publicidade cresceu vertiginosamente. Para nós, o dado é que o grande bolo da publicidade está concentrado na tevê, que detém 60% dos inves- timentos. Hoje, a Internet está no mesmo patamar do rádio, e subindo, segundo o Intermeios. Voltando ao nosso negócio, na prática, o que interessa é que as pessoas leiam mais, não importa o tipo de mídia. Para as revistas, esses tablets ou e- readers são, efetivamente, um ganho muito grande e aí tem um ponto que considero interessante, que é o conteúdo pago e o gratuito. Nos sites era quase impossível se conse- guir obter algum tipo de conteúdo fechado, mas o tablet é comprado. Ainda não existe a possibilidade da assinatura, mas já começa a somar um conteúdo pago na Internet. E aí se abre um campo interessante do ponto de vista do negócio. JAYME – Estamos falando sobre modelos de negócios, e o Celso fez uma provocação que, acho, deve- mos ir adiante, ou seja, que tipo de jornalista queremos para o futuro dessa atividade? Eu, por exemplo, cachimbo na boca também, sou um convencidíssimo privatista na operação da informação. Acho que não se encontrou melhor forma até agora do que a de os meios de comunicação serem operados por uma visão de iniciativa privada. É verdade que o modelo econômico de hoje terá de ser diferente amanhã, mas é a iniciativa privada que dá à informação capacidade de indepen- dência, em especial com relação aos governos. As empresas que operam os meios de comunicação e oferecem a informação precisam ser economi- camente independentes para prestar esse serviço com a qualidade que a sociedade merece. Encontramos um modelo que vem sendo aprimorado e que, emmuitos casos, pressupõe um volume de operações para que possa oferecer essa qualidade e melhorá-la cada vez mais. Estamos vendo o iG propor uma redação que é incomum em termos de web. Mas a função jornalística precede a dosmeios como } Ainda não se encontrou melhor fórmula do que a informação e os meios de comunica- ção serem operados pela iniciativa privada. ~

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