Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010
setembro / outubro de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 79 } No iG publicamos em média seiscentas notícias por dia – nossas, e de agências. Para isso, investimos em jornalismo, qualificação, apuração séria e checagem. ~ BETO – É uma questão de tempo. JAYME – O modelo de negócio americano se deformou ao longo do tempo e a base de receita de jornais e revistas americanas foi se alterando: 87% provinham de publicidade e apenas 13% do leitor que, pela compra do jornal, pela assinatura, paga pelo conteúdo. Na Alemanha, como no resto da Euro- pa, é diferente: a base de receita de publicidade é 53%; e o comprador da informação responde por 47%. No Brasil, temos uma situação interme- diária: a receita de publicidade dos jornais brasileiros é de dois terços e cerca de um terço vem do assinante. No Zero Hora , a divisão é de 64% a 36%. Agora, alguns jornais ameri- canos, como o Dallas Morning News , aumentaram o custo da assinatura, perderam circulação, mas consegui- ram se estabelecer. THOMAZ – O modelo americano de rev istas era uma vergonha: você comprava uma assinatura da New Yorker ou da Time por oitenta centavos. Estavam financiando a circulação para ganhar publicidade. Qual o problema das novas mídias nos Estados Unidos? O Murdoch fala isso todo dia: “Produzir notícia custa caro. Se vocês querem notícia de qualidade, vamos ter de encontrar uma forma de financiar essa notícia”. CELSO – Pois é, mas oAlbertoDines já dizia isso há 30 anos: “Não é pos- sível ter um produto e vendê-lo por um décimo do preço original. Esse produto é subsidiado”. Um jornal que vale R$ 10 não pode ser vendido por R$ 2, porque esse modelo de negócio está quebrado, já que é sustentado por ummodelo publicitário que está em crise. Devido à multiplicação de players , ficou inviável financiar a todos com a publicidade. Ao mesmo tempo, as pessoas estão lendo mais, nunca se imprimiu tanto, nunca se escreveu tanto. A crise real é a do financiamento. MARIA CÉLIA – Nas revistas o mo- delo de negócio é muito irregular. A publicidade, efetivamente, está comas grandes editoras, mas temos algumas editoras, como aAltoAstral – sediada emBauru–, que encontraramumfilão nessa nova classe que está surgindo. Ela tempouquíssima publicidade, está crescendo e lançando mais títulos. Então, a situação é diferente. A assi- natura no Brasil nunca foi subsidiada como no modelo americano. EUGÊNIO – A sociedade paga pela informação. Esse modelo faz com que parte do valor venha do leitor. Esse vínculo essencial garante a independência, não porque o leitor paga toda a conta, mas porque fica claro que a informação é voltada para ele. Então, é para falar com esse leitor que o anunciante vem à publicação e isso garante a independência. Se toda conta for pagapelapublicidade, nãohá mais independência. Umdos cânones é ser independente do anunciante, assim como do Estado, do governo. MARIA CÉLIA – Hoje, temos no Brasil uma série de restrições. Mais de trezentos Projetos de Lei trami- tam no Congresso para restringir
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