Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010
setembro / outubro de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 81 } No Brasil, confundimos assessor de imprensa com jornalista. ~ nal. Os jovens efetivamente leem, mas não obrigatoriamente indo até os portais ou aos sites jornalísticos convencionais. Leempelas redes so- ciais ou porque um amigo mandou a notícia pelo e-mail. Mas existem coisas paradoxais. Por exemplo, a fatia de mercado do The New York Times , entre os sites jornalísticos dos Estados Unidos, é maior do que a participação dele no mercado de papel, na banca. THOMAZ – Mas isso é normal. EUGÊNIO – E por que é normal? So- mente porque ele tem a credibilidade. BETO – Ele carrega a credibilidade. A audiência da home do iG, por exemplo, é de quatro milhões de visitantes únicos por dia. Ela cria uma marca. EUGÊNIO – Mas por que a marca é valorizada na rede, se as pessoas não vão ao site do jornal? BETO – A curadoria acaba fun- cionando porque é óbvio: as redes sociais têm de espalhar aquilo que é veiculado e repercutido [o que multiplica a exposição e a visibi- lidade da marca]. Qualquer coisa que é noticiada primeiramente pelo jornalismo difunde uma informação gerada por um jornalista. Então, a função do jornalista não acaba. THOMAZ – Mais ou menos. Lem- brando que o terremoto no Chile chegou pelo twitter. BETO – Não tem problema, até porque o jornalista precisa ter uma equipe que, por maior que seja, nunca vai conseguir... CELSO – Mas nunca foi o jornalista que viu os eventos. Ele vai falar com a fonte que viu. THOMAZ – O jornalista presenciava mais do que presencia hoje. JAYME – Aí entra o fato fascinante de que hoje todos somos produtores de informação. Não há evento que aconteça e não apareça depois uma informação visual, uma foto. THOMAZ – Conferências, seja o que for, você vê o palestrante falando e alguém twitando . BETO – Hoje, você vai a uma pa- lestra e o palestrante deve ficar sem graça, porque todos estão manu seando o celular. JAYME –Ontem, a RBS realizou, em Porto Alegre, um evento interessan- te, o Mídia Show. Trouxemos gente de Brasília e do exterior para discutir esse novo mundo digital, a interati- vidade e as plataformas atuais. Mais uma vez ficamos refletindo sobre o modelo de negócio futuro. O uso do mobile tem, no futuro, uma perspec- tiva de receita interessante, porque a pessoa absorve aquilo ao natural, não precisa ir lá e pagar. Há uma experiência que estão fazendo no The New York Times , de cobrar US$ 5,90 por semana. Mas também tem o fato de o bolo de investimentos da sociedade em informação estar aumentando. O bolo da publici- dade tradicional, para mim, tende a diminuir porque a divisão se fará por uma infindável gama de alternativas. No evento, Abel Reis, presidente da Agência Click Isobar, colocou numa lâmina as alternativas de comunicação que existem hoje e o que vai acontecer: o anunciante ou aquele que deseja a informação vai investir mais, mas vai diluir essa
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