Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010
R E V I S T A D A E S P M – setembro / outubro de 2010 82 } Estamos no começo da curva de uma nova revolução na comunicação. É difícil determinar qual o ângulo dessa curva, mas sabemos que essa transformação é rápida. ~ verba de uma forma muito grande. E aí, outra vez, como é que se mantém um bom jornalismo? THOMAZ – O dinheiro que se in- veste em publicidade nos veículos de comunicação é menor do que o dinheiro investido em publicidade em outras formas de comunicação? CELSO – Não chega a ser menor, mas está aumentando. BETO – Há mais um dado nessa questão da receita. Hoje, algumas empresas anunciantes fazem a sua própria mídia, criam portais, compram white label , matérias sem assinaturas. Por exemplo, a indús- tria farmacêutica não pode ficar anunciando, então ela mesma cria o seu site com sua rede social e suas brincadeiras. Ela não usa a mídia no site, ela mesma faz esse papel. EUGÊNIO – A verba publicitária no total pode crescer, mas vai para outros lugares que não o financia- mento do jornalismo. CELSO – Do ponto de vista da publicidade, é importante pen- sar em como vamos reorganizar isso, porque o que parece estar em jogo é a crise do jornalismo. Não podemos confundir plata- formas, tecnologias e conteúdos jornalísticos. Também me parece relevante reafirmar a existência e a necessidade do jornalismo. Sou da área do jornalismo impresso e tenho obrigação de pensar que ele tem uma função social que não vai desaparecer. A morte do jornalismo impresso pode acon- tecer – ou pelo menos ele pode ser ferido mortalmente – se não o cuidarmos. Um símbolo brasileiro, o JB ( Jornal do Brasil ), mudou para o online. É diferente do que acon- tece no iG ou em outras empresas da área digital, que surgem com a vocação para o jornalismo digital e têm no seu vetor principal a produção de conteúdo. Mas outra coisa são os jornais impressos que, por incapacidade de gestão, dirigem-se a esse nicho como se fosse uma espécie de produto de segunda categoria ou uma espécie de vala inexorável aonde todo o jornalismo vai dar. Tem espaço para os dois, mas creio que o jornalismo impresso precisa ser valorizado. A defesa do jornalismo parece que está dada pela quanti- dade de dados e informações que ele disponibiliza na rede que, de alguma maneira, reproduz, ele- tronicamente, a esfera pública e que necessita, mais do que nunca, de mediadores, de pessoas que as organizem. Que são os jornalis- tas, o jornalismo e as empresas, compostas de pessoas que fizeram história e que constituíram esse patrimônio cultural que não é desprezível. THOMAZ – Concordo. Espero pelo iPad há 15 anos. Naquela época, eu estava numa conferência sobre revistas nos Estados Unidos e des- cobri que a Disney tinha um la- boratório de mídia. Com um pro- tótipo na mão, uma pessoa disse: “Vou mostrar para vocês a revista do futuro. Esse tablet funciona da seguinte forma: você vai à banca eletrônica, encaixa-o num orifício, aperta os botões das revistas que quer, coloca uma moeda, carrega o tablet e vai embora”. Veja como
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx