Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010
setembro / outubro de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 83 ES PM o futuro é difícil de prever, eles não se deram conta de que nisso tudo não seria necessária a banca eletrônica, ia ser tudo wireless . Não tenho dúvida de que a revista do futuro será no iPad. JAYME – O iPad, curiosamente, logo que foi lançado, sofreu crí- ticas negativas, até que ele foi se posicionando. BETO – Essas críticas foram fei- tas por aqueles especialistas que esperavam uma revolução e, na verdade, ele era suficientemente simples para as pessoas que não estavam acostumadas com tecno- logia usá-lo. Esse foi o problema. Hoje, no Japão, o número de pessoas da terceira idade usando iPad vem aumentado dev ido à facilidade. MARIA CÉLIA – E barateia mui- to a informação, já que 85% do custo são papel e impressão, dis- tribuição, encalhe etc. Tanto que havia uma crítica americana para o The New York Times , de alguns jornalistas, dizendo que o novo formato era vendido pelo mesmo preço do impresso. Mas pessoas continuaram comprando. Essa é a grande vantagem da revista: o leitor compra sem discutir o preço. E é também a saída para o nosso modelo de negócio. CELSO – Há 15 anos, quando par- ticipava de reuniões levava uma agenda eletrônica e escrevia nela. Hoje, estamos todos aqui com um papel na mão e escrevendo nele, ou seja, as pessoas vão usar o que é funcional e confortável. JAYME – Ontem, o Phillip Stone que é um bom crítico de mídia, escreveu um artigo pegando duas informações: do Mathias Döpfner (chairman do Axel Springer), que vê o iPad como a plataforma que todos estávamos esperando; e do Michel Ringier (da editora suíça R i ng ier AG), que d i sse: “ Não são os gadgets que vão salvar os jornais, mas tudo isso é parte deste excitante momento, que é uma revo- lução ”. O que não dá é para fixar uma data, como fez Nicholas Ne- groponte há 19 anos ou como al- guns de nós estamos imaginando que será dentro de dez anos. Há pouco, tivemos nova previsão do fim do jornal impresso, em 2043. EUGÊNIO – Ph i l ippe Meye r, um grande jornalista. Há muito tempo defende que o jornalismo, mais que literatura, pode ser ci- ência social rápida, que é preciso saber basear as coisas em pesqui- sas. Ele fez uma longa pesquisa, fez umas contas e chegou ao ano em que será impresso o último jornal [o ano é 2043]. JAYME – A função do jornalista é cada vez mais demandada. Hoje são mais de 80 milhões de blogs, com informações que saem e en- tram pelos nossos ouvidos. Quem vai editar tudo isso? Aí entra a confiabilidade. BETO – O ambiente da web é capaz, sim, de produzir infor- mações impor tantes. A ent re- vista que tirou o Ciro Gomes da eleição saiu primeiro no iG. O primeiro vídeo da corrupção do José Roberto Arruda passou no iG. O logo da Copa escolhido foi no iG. Com esses três exemplos distintos afirmo que é possível fazer jornalismo sério e investi- gativo no iG. CELSO – Concorda-se aqui que 80% ainda do chamado jornalismo digital é cópia deslavada e apro- priação indébita do jornalismo impresso? MARIA CÉLIA – Tem aí toda a discussão do direito autoral. BETO – Os agregadores podem ficar puxando de qualquer um de nós, colocar em qualquer página e ganhar dinheiro com anúncio em cima da nossa informação. JAYME – Nesse caso, já existem algumas expectativas. Uma delas é a da Associação Mundial de Jornais, com um software por ela desenvolv ido, chamado ACAP. Buscamos encont ra r uma ma- neira de defender o investimento que fazemos. CELSO – A cadeia produtiva não deve ser desmantelada. JAYME – O The USA Today , um jornal de 28 anos, está fazendo uma grande reformulação, que in- clui cortes importantes de pessoal e foco nas alternativas digitais. GRACIOSO – Esta foi a discussão mais longa que já tivemos. E mais produtiva, também! EUGÊNIO – O Humberto Werneck já dizia: “Tem editor que gosta de fechar e tem editor que gosta de ficar abrindo, abrindo”. Trabalhá- vamos na redação da Playboy e ele falava que eu não deixava fechar. É por isso que essa discussão foi tão longa, porque tem aqui um cara que não controla o tempo e queria até explorar outras coisas mais!
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