Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010
setembro / outubro de 2010 – R E V I S T A D A E S P M 85 famosa Escola de Pós-graduação em Jornalismo da Universidade de Co- lumbia, onde leciono, é amplamente reconhecida como o mais respeitado e influente centro de educação jornalística. Jornalistas pro- fissionais e seus colaboradores ambicionam os prêmios que concedemos, não menos que os prêmios Pulitzer e Maria Moors Cabot para o jornalismo Latino Americano. De certa maneira, vários observadores recebem com surpresa a notícia de que diversas outras universidades de ensino renomado tinham pre- viamente recusado a tentativa de JosephPulitzer de criar efinanciar uma escolade jornalismoeos prêmios hoje reconhecidos. O então presidente daColumbia resistiuàofertadePulitzer, durante anos, esomentemais tardeoutropresidenteeseu corpo docente aceitaram a contragosto a oferta do editor. As universidades simplesmente não acreditavamque o jornalismo fosse umamatéria própria de estudo, contendo características que eles consideravammais comoumnegóciodoque uma disciplina acadêmica. Cem anos depois, a relação instável entre as es- colas de jornalismo e as universidades continua igual ao passado, pelos desentendimentos simi- lares e suspeitos entre escolas e diversas novas organizações. Seria fácil se livrar dessas relações desconfortáveis existentes emmuitas áreas, não fosse por três fatores importantes: escolas de jornalismo estão nascendo ao redor domundo e sãoexcepcionalmentepopulares entreos alunos; a indústria de jornalismo está passando por mu- danças rápidas eabrangentes, devidoa inúmeros fatores,denovasfronteirastecnológicasapolíticas governamentais; e a dependência pública e a confiançanojornalismoprofissionaltêmoscilado bastante, e não deve ser desconsiderada. Assim, se muitas universidades, especialmente fora dos Estados Unidos, desconfiam do ensino de jornalismo, e se jornalistas ativos, poucos dos quais passaram por uma escola de jor- nalismo, são abertamente hostis à ideia de jovens com educação universitária disputaremseus trabalhos, porque tantas escolas estão surgindo? Teoricamente,arespostaésimples:muitos programas de universidades possuem a palavra“jornalismo”emseus títulos,mas o que realmente estão oferecendo é um programa teórico de estudos de comuni- caçãoemmassa, caracterizadopor cursos relacionados à mídia, como Retórica, HistóriadaComunicaçãoeComunicação Pública, ou programas pré-profissionais em propaganda, relações públicas ou comunicação governamental (cada um desses é incidentemente um adversário dojornalismonomundoreal).Programas como esses são incluídos por uma razão irônica: são populares e frequentemente percebidos pelos estudantes e seus pais como algo mais prazeroso e menos exigente do que muitas outras áreas de estudo potenciais, tais como reportagem autênticaeredaçãosobreassuntosdifíceis e geralmente controversos. Por outro lado, há algumas boas razões pelas quais verdadeiras escolas de jornalismo também estão surgindoemtodoomundo.Aprimeiraéoaumento do nível de educação, e na mídia emparticular. Na África, Ásia, e em algumas partes da América do Sul,osníveisdeeducaçãoestãosubindoeaspessoas estãoexigindomais informaçãosobre tópicosvaria- dos e importantes para a sociedade em que vivem. Outro fator que faz aumentar a demanda por jor- nalismo é a gradual disseminação da democracia e a suspensãode algumas restrições e regulamentos, tais como censura, leis contra difamação e outros; ainda existem muitos lugares sem liberdade de imprensa,masa tendênciaéqueessecenáriomude. A globalização é outro fator que contribui para a A Poucos sabem que di- versas universidades recusaram a tentativa de Joseph Pulitzer em criar e financiar uma escola de jornalismo. A própria Columbia re- sistiu à oferta de Pu- litzer, durante anos, e somentemais tarde, um outro presidente aceitou a contragosto a oferta do editor, que é relem- brado ainda hoje, pelo reconhecido prêmio que leva seu nome.
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