Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010

R E V I S T A D A E S P M – setembro / outubro de 2010 86 Muitas universidades, com a palavra “jorna- lismo” em seus progra- mas, na verdade, estão oferecendo programas teóricos ligados à co- municação em massa. Esses programas, por ironia, são populares e frequentemente perce- bidos pelos estudantes e seus pais como algo mais prazeroso e me- nos exigente do que muitas outras áreas de estudo. Os blogs trazem diversas vo- zes para a atenção do público, tanto paramelhor quanto para pior. As redes sociais unem pessoas, porém, tendem a criar uma “bolha” de interes- ses próprios, ecoando sempre as mesmas ideias. expansão jornalística (e, portanto, à ne- cessidadedeumaeducação jornalística), por forçar cidadãos de vários países à curiosidadesobreeventosequestõesque vãomuito alémde suas realidades,mas que têmum impacto direto emsuas vi- das. Finalmente, claro, existe umpoder difundido e quase universal de novas tecnologias de comunicação – sejam redes sem fio, Internet, mídia social ou até algo simples como o acesso quase universal a linhas telefônicas, possibi- litando que a transmissão de notícias, informações, dados, opiniões e fofocas sejafácilerelativamenteacessívelemre- laçãoacusto.Simplesmente,semsairdo lugar, qualquerpessoapodeultrapassar as agências de notícias. Há, naturalmente, diferenças regionais importantesnacurvadecrescimentodo jornalismoe suaeducação.NosEstados Unidos e em grande parte da Europa Ocidental, como já se sabe, os negócios tradicionais de notí- cias estão em um declínio assustador, em parte por sua complacência em relação às mudanças tecnológicas e o problema de oferta e demanda: como se vende informação que está disponível gratuitamente? Issoé importante, principalmente em sociedades com nível populacional estável ou em declínio, como a França ou próximas de educação universal (Canadá, EUA), onde a mídia vem saturando suas populações há décadas. Esse cenário é bem diferente em países como Brasil, China, Índia, Turquia, África do Sul, entre outros, onde omercado jornalístico está em crescimento; a educação está aumentando, a tecnologia está se infiltrando até nas áreas rurais e o comércio está em expansão – isso inclui o crescimento espeta- cular dapropaganda–emaior númerodepessoas conectadas, de alguma maneira. A penetração da mídia ainda não atingiu o seu ápice e existe uma dependência menor do público com as antigas redes de distribuição que custamcaro para serem cortadas e repostas. Então por que não existem mais universidades construindo escolas de jornalismo em vez de escolas de comunicação emmassa nos países em desenvolvimento? Por que é frenquentemente deixada para os próprios veículos de comunicação a educação da próxima geração de jornalistas? Há várias respostas, mas proponho o seguinte: a educação jornalística é cara, necessitando, es- sencialmente, dos mesmos tipos de instalações e equipamentos da própria indústria, devendo atualizar-se constantemente para conseguir manter o ritmo; poucos outros cursos requerem essa estrutura e custam tão caro. Tudo isso cons- trange os recursos da universidade. Há uma séria desconfiançaentreosacadêmicostradicionais,que controlamasuniversidades, eos jornalistasprofis- sionais; isso temmuito a ver comas discordâncias em relação a credenciais, perspectiva intelectual e a distância enorme entre as culturas das duas instituições.Deumamaneiramaisprática, poucas universidades estãodispostas ouaptas a contratar um corpo docente completamente novo e idios- sincrático somente com o propósito de iniciar um programa de jornalismo. Alguns tentam inovar os professores e cursos pouco populares exigindo que um alto número de alunos de jornalismo ou mídia se matricule nesses cursos.

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