Revista da ESPM - SETEMBRO_OUTUBRO-2010

R E V I S T A D A E S P M – setembro / outubro de 2010 98 tegicamente falantes. E a institucionalização do mundo informacional sepultou a ideia de que: “o meio é a mensagem”. Com as armas da linguagem, os suportes da tec­ nologiaeosvaloresdademocracia, osnovosatores públicos, entes institucionais, apropriaram-se dos meios para agirem no mundo. Como sujeitos competentes da atualidade, no uso pragmático de umpoder em expansão, os agentes do embate discursivo se fortaleceram para a negociação, a mediaçãoeasoluçãodosconflitosreorganizadores das relações sociais 5 .Castellsdácontadessa trans­ formação, ao sugerir que o meio, antes “mensa­ gem”, transitara para a condiçãode “mensageiro”. Na verdade, amutação já aconteceu. Os conteúdos daatualidade,veiculadospelosgênerosjornalísticos são, em esmagadora maioria, ações discursivas de sujeitos que agemnomundo e sobre omundo por meio de acontecimentos, atos, falas e/ou silêncios. Valorizados pelas técnicas e pela identidade ética, esses conteúdos são socializadosno tempoenoes­ paçodo Jornalismo, pelos instrumentos da difusão instantâneauniversal 6 .Eassim,pelasviasconfiáveis do Jornalismo, se globalizam ideias, ações, merca­ dos, sistemas, poderes, discussões, interesses, an­ tagonismos, acordos. 7 No ritmo vigoroso da instantaneidade, acontecem eventos transformadores dos cenários sociais, culturais, políticos, econômicos etc. com efeitos imediatos na vida presente de indivíduos, povos e instituições. Em tal cenário, urge clarear conceitos plurais –éticos, técnicos, estéticos –para umanova compreensãodo Jornalismo 8 , que terá de assumir uma linguagem narrativa euma eficácia argumentativa, no espaço público. Na medida em que esteja à altura das complexidades do mundo em que vivemos, o Jornalismo torna-se confiável para a expressão, a viabilização e a elucidaçãodos confron­ tos discursivos das ações humanas, na nova dinâmica da atualidade. Assim, no plano pragmático da linguagem, o principal problema que se interpõe ao Jorna­ lismo atual reside naquele fenômeno denomi­ nado “revolução das fontes”. 9 Uma revolução acelerada pelas tecnologias de difusão, graças às quais a notícia se tornou a mais eficaz fer­ ramenta do agir institucional, nos cenários e conflitos da atualidade. 10 O Jornalismo entrou no século XXI em estado de crise. 11 E para bem enxergar o que se passa, há de recuperar o que se entendia por Jornalismo antes de a crise surgir. O conceito-síntese dos principais autoresque,aolongodoséculoXX,maisprofunda­ mente estudaramo assunto, era assimenunciado: “ Jornalismo é (...) um processo social que se articula a partir da relação (periódica/oportuna) entre organiza- ções formais (editoras/emissoras) e coletividades (pú- blicos/receptores), através de canais de difusão (jornal/ revista/rádio /televisão...) que assegurama transmissão deinformações(atuais)emfunçãodeinteresseseexpec- tativas (universos culturais ou ideológicos) ”. 12 Temos, aí, o entendimento do Jornalismo como processo inteiramente controlado pelo jornalista, em torno do qual tudo girava. Trabalhava-se com umanoçãopassivadeatualidadeeumaconcepção autorreferida (“ascoisasqueaconteciam”), sobreas quais o jornalista atuava de forma determinante, com a sua capacidade de “captar e recriar fatos”. Só acontecia o que fosse noticiado pelo jornalista, e sob sua decisão 13 . Logo, não havia notícia fora do Jornalismo e sem a intervenção mediadora do jornalista. Reduzidas ao papel de instâncias sem vidaprópria, as fontes nemcitadas eram. Como se não fizessem parte do todo. O estado de crise resulta da superação de tais conceitos pela realidade nova 14 , moldada no ambiente criado pelas modernas tecnologias de difusão. 15 E a mais importante decorrência da vertiginosa evolução tecnológica 16 é, sem dúvida, a irreversível expansão de práticas e estruturas de democracia participativa, com sujeitos sociais dotados de alta capacidade de intervenção na vida real de nações e pessoas. 17 O novo curso capacita o profissional a mover- se com habilidade e criatividade em um ambiente de trabalho marcado por novas es- truturas, novas ques- tões e desafios. Arquivo ESPM

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