Revista da ESPM_JAN-FEV-2012
j a n e i r o / f e v e r e i r o d e 2 0 1 2 – R e v i s t a d a E S P M 107 } A Un i versa l do Re i no de Deus é uma mi stura s imból ica de protestan t i smo h i stór ico, cato l ici smo romano e re l ig i ões af ro. ~ ES PM JORGE – Tenho minhas restrições. PASTOR ED RENÉ – Não concordo com essa afirmação. MÁRIO – Então, continuamos com dissensões aqui dentro. PASTOR RINA – É esquisito você apresentar Deus como um pro- duto. JORGE – Na verdade, ele é o produ- tor, o criador, não o produto. REVERENDO ALDO – Qual é o pro- duto que a religião vende? JORGE – Não vende, não é produto, Deus é um mistério. MÁRIO – Ele é um mistério para quem estuda religião, mas não para quem frequenta. REVERENDO ALDO – Deus nunca fica na prateleira. PASTOR RINA – É definir o concei- to. Se Deus dependesse da gente para sair da prateleira, estaria lá até hoje. ISMAEL – Mas essa é uma concep- ção teológica. PASTOR ED RENÉ – O marketing não tem outra concepção senão essa. Ele não pode falar de Deus, apenas das versões de Deus. A afirmação é: a versão de Deus que não for bem vendida ficará na prateleira. REVERENDO ALDO – O que estou dizendo é que, para nós, religiosos, a visão é outra. A pessoa que vai à igreja tem outra ideia, vai buscar algo. Se o espaço, a comunicação e o som do microfone são ruins, ele vai embora. Por que a classe média não consome Casas Bahia? Porque é preciso ficar apertando o parafuso dos móveis toda semana. Mas o marketing é bom, tanto que é a marca que mais investe em pu- blicidade no País. Quando a coisa é boa e benfeita, a pessoa leva para casa. Tem gente que sai do consultório médico e diz que não volta mais e outros ficam quatro horas na fila do SUS, mas querem aquele médico. GRACIOSO – A rigor, há duas formas básicas de vender Deus. A primeira é a venda de uma revelação de milhares de anos. Os filósofos gregos acreditavam nisso e diziam que nascemos com talentos que nos foram dados pelos Deuses e deveriam ser usados para ajudá-los na tarefa de tornar o mundo melhor. Isso é a versão proativa em que o homem se torna um ajudante de Deus. A outra forma, que está predominando, é a do Deus mila- greiro. Esta é talvez a forma mais atraente. Mas é a certa? REVERENDO ALDO – Não. Somos três pastores aqui e o que anun- ciamos é que “a sua vida vai ser melhor e você vai melhorar a do outro”. É a famosa Parábola dos Talentos. Esse é o nosso produto. Quando você está num av ião, dizem que se a cabine despressu- rizar cairão máscaras, que devem ser colocadas primeiro em você e depois nos outros. Se quiser fazer uma analogia, Cristo disse: “Primeiro você tira o cisco do seu olho”. Precisamos nos ajudar, a igreja deve ser terapêutica, como um hospital. PASTOR RINA – Voltada às necessi- dades da nossa sociedade. REVERENDO ALDO – Se não for te- rapêutica, não é religião e aí tem de ter ética e moral. O Deus não mudou nada. ISMAEL – É preciso ter ternura, porque as igrejas e as religiões também perderam a ternura. REVERENDO ALDO – Mas a ternura é terapêutica. ISMAEL – Quando não tem esse as- pecto do acolhimento e da ternura, ela é falsa e explora as pessoas. REVERENDO ALDO – Todos sabem que foi a ig reja episcopa l que acolheu os gays , fez a primeira ordenação feminina e a primeira ordenação de gays . Se foi marke- ting, não importa. O que impor- ta é que Jesus fez isso: acolheu e foi terapêutico.
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