Revista da ESPM_JAN-FEV-2012
j a n e i r o / f e v e r e i r o d e 2 0 1 2 – R e v i s t a d a E S P M 111 resultado, ocorre a dissociação do ser huma- no, que é um dos maiores reflexos na atual gestão organizacional. A obra de Capra, David Steindl-Rast e Thomas Matus, por outro lado, fala de um conjunto de novas ideias na ciência e na espiritualidade a partir do século XX. Os autores apontamo sur- gimento de um novo paradigma, que oferece uma visão integradora entre ciência e espiri- tualidade. Trata-se de um modelo holístico, baseado na percepção de natureza complexa da verdade e no desafio aos mitos cartesianos. São cinco as noções fundamentais que in- fluenciaram a ciência e a espiritualidade, na transformação do velho modelo mental em algo novo: a mudança da parte para o todo; a mudança de estrutura para processo; a mudança de ciência objetiva para “ciência epistêmica”; a mudança de construção para rede como metáfora do conhecimento e a mudança de descrições verdadeiras para descrições aproximadas. Pesquisando um pouco mais, nota-se um conjunto maior de autores e participantes que corroboram com essas ideias e que argu- mentam a favor da mudança do pensamento mecanicista, cartesiano ou analítico para um pensamento ecológico, holístico, complexo ou sistêmico. Esse conjunto de autores, de diferentes áreas, especialmente na economia e administração, tem demonstrado que tal mudança é baseada em dez noções ou caracte- rísticas, que também englobam, as principais ideias de Capra e Steindl-Rast: A administração científica e suas consequências Na visão da administração mecanicista, mãe dos modelos organizacionais tradicionais, os dirigentes partem do princípio da substituição do ser humano pela máquina. A busca pelo aumento dos resultados econômicos por meio da otimização e do aumento da produtividade, visando alcançar objetivos e metas, faz com que o uso do método analítico passe a desenhar uma linha de produção cada vez mais reduzida, priman- do por detalhar os pormenores de variáveis como o tempo e o movimento, isolando ao máximo seus participantes, para que não sofram influências danosas do ambiente e das outras partes. Isso tudo resulta na máxima padroni- zação e controle, no surgimento de uma estrutura organizacional hie- rárquica, estruturada de maneira rígida e orientada por evidências de um conhecimento objetivo, e possível, somente, em um mundo que privilegia a qualificação. Na pirâmide organizacional, o topo pensa e a base executa. Seu gerenciamento comanda uma estrutura que tende a isolar do meio ambiente muitos de seus participantes para tentar evitar oscilações e turbulências. O comando parte da centralização, atendendo a propósitos como a manipulação e o controle. Cada atividade no desenho organizacional dedica-se a um assunto específico: mercado, vendas, planejamento, comunicação, logís- tica, P&D etc. Gera informações com base em detalhes analíticos, que são repassados a cada uma das partes organizacionais para o estabelecimento de metas que, por sua vez, são atribuídas a quem executa suas tarefas. Por fim, criam-se vários indicadores, que permitem melhorar o comando e a vigilância sobre os empregados. Compartimentar opensamentoe a açãode traba- lhadores especializados também é uma maneira eficaz para exercer o controle. Logo, entram em ação os princípios da centralidade de comando e da comunicação vertical.Os planos e odesdobra- mento estratégico passam a ser hierárquicos, e a importância das partes reduz-se, à medida que Vários autores argumen tam sobre a crise da administração, bem como, já passaram ou passam por uma crise de paradigma outras ciências, como a física, a biologia, a psicologia, amedicinaeatémesmo a economia.
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