Revista da ESPM_JAN-FEV-2012
R e v i s t a d a E S P M – j a n e i r o / f e v e r e i r o d e 2 0 1 2 112 são cerceadas pela função ou especialidade que é conferida ao executante. Nesse modelo, linguagens lineares são utilizadas para compreender, descrever e co- municar as ideias. Sendo as- sim, existe apenas um problema, uma causa e uma única melhor solução, quando se adota tal linha de pensa- mento.Mapashierárquicosestáticosdos objetos ou problemas são constituídos paraagir commaior força sobreoponto a ser solucionado com maior eficácia. Alguns problemas, como a competi- tividade, ocasionada por altos custos, acarretammetas,cujoprincipalobjetivo é a redução ou o corte nos gastos. Essa modelagem organizacional é feita por meio de instrumentos rígidos, como intuitodegerarum padrão e procedimentos que impeçam eventuais perdas. Tudo issoébaseadoemnormasdeatuação decondutaformaleexplícita,queconcebemregras de reconhecimento ou punição, em função da adesão desse padrão. Contudo, esse tipo de ges- tão aceita apenas conhecimento firme, tangível e confiável.Interpretaçõeseconhecimentosubjetivo são postos de lado, pois a informalidade é vista como algo nocivo e perigoso, e todas as decisões baseiam-se em critérios técnicos e objetivos. Na liderançadesse tipodemodeloorganizacional, os mandatários fazem com que a verdade, assim por eles estampada, seja a medida do poder. Nas organizações burocráticas é o topo quem pensa, sobre uma impostura da veracidade dos fatos e que deflagra seu domínio sobre a base. Portanto, na base da pirâmide hierárquica não existe razão ou veracidade, passando a coexistir apenas como umfragmentodeumapretensaverdade, apregoa da pelos dirigentes para afirmar sua autoridade. O processo científico de gestão se identifica principalmente por aspectos quantitativos, pois sua dinâmica sistemática é fundamentada por números e valores. Sustenta a ideiapragmáticade cerceamentoemsuasdecisões, quevisamatenuar o erro. A gestão cartesiana acredita que onde não há controle, as perdas para a organização são inevitáveis e, portanto, sistemas de normas e procedimentos burocráticos são necessários paramaximizar a capacidade competitiva, aliada à disputa agressiva perante os concorrentes, e à pretensão pelo domínio amplo do mercado. A vez das organizações sistêmicas É perceptível que muitas organizações têm evoluído em seus desenhos organizacionais e investindo em: movimento da qualidade total, reengenharia, semiautonomia, produção enxuta, gestão de processos ou projetos. Porém, esse tra- çado é feito emuma direção que atende as neces- sidades da organização? Será que tais inovações não tornamaorganizaçãoaindamais burocrática e lenta, ao contrário do que elas esperam? Isso não está tornando-as menos resilientes, em vez do que se pretende? Do ponto de vista sistêmico, essas pretensas inovações organizacionais não tocam o cerne dos problemas por não desafiar a mentalidade fundamental existente por trás do seu dese- nho. Perante essa situação, surge um novo contorno, dentro de um novo paradigma, que conduz ao que denominamos organização sistêmica. Uma organização sistêmica possui, por assim dizer, um novo desenho organiza- cional com as seguintes características: O todo O desenho organizacional sistêmico é uma arquitetura integrativa.Otodo organizacional é uma entidade de fronteiras semipermeáveis, onde há componen- tes, mas eles não estão isolados, e sim, ricamente interconectados por inúmeros relacionamentos com base em redes internas e externas. Esse sistema de gestão não estimula a otimização das partes, mas a otimização do todo, seja ele a própria organização, sua rede produtiva ou a natureza e o planeta como um todo. Trabalha-se com a ideia da abundância, em vez de escassez. Aorganizaçãosistêmica é uma categoria que criamos na linguagem, portanto, uma categoria linguística e, como tal, uma facadedoisgumes. Podeserumconjuntode termos que descrevem uma realidade pré-exis tente ou um meio para articular novos modelos de se viver juntos.
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