Revista da ESPM_JAN-FEV-2012

R e v i s t a d a E S P M – j a n e i r o / f e v e r e i r o d e 2 0 1 2 114 interesses, as emoções, as crenças e os paradig- mas dos líderes nos vários níveis da organização. A gestão sistêmica estimula e converge para a formação de redes de lideranças informais. Esse sistema é projetado com o intuito de ser aberto ao aprendizado permanente, o que exige da lide- rança uma postura aberta à inteligência coletiva. Descrições aproximadas Um desenho organizacional sistêmico reconhece a precariedade da busca ilu- sória da verdade absoluta e está sempre aberto a um fluxo de informações válidas e descrições aproximadas. Tal processo é estruturado ao fluxo constante de informações renovadas e de acesso universal.Dessa forma, odesenhoorganizacional estrutura a teia de conhecimento válido, gerindo e potencializando as informações nas mãos dos agentes organizacionais para, com isso, tornar-se flexivelmente estruturado para ser permanente- mente revisto e reorganizado. Qualidade No desenho organizacional sistêmico, os principais processos são os ligados à aprendizagem do todo. Esse todo não é a soma dos detalhes ou soma das partes. O todo só é encontrado emsi mesmo e para conhecê-lo é ne- cessário aproximar-se e também afastar-se dele, pois é preciso considerar quantidades e qualida- des. O processo de afastamento mostra padrões qualitativos, fluxos mais amplos e movimentos de transformação que transcendem os eventos instantâneos. E, pormeiodesse processo, odese- nho organizacional sistêmico ajuda a liderança a separar, incluir, desconsiderar e considerar o que pode ser melhor na tomada de decisões. Auto-organização, cooperação, influenciação e ação não violenta Em consequência dos nove princípios do Pensamento Sistêmico listados acima, surge a percepção de que o mundo é um local com- plexo. De que o controle é uma ilusão. Sistemas complexos não se submetem a controle. Ainda assim, a ação produtiva é viável. Ela acontece por auto-organização, cooperaçãoeproduçãocolabo- rativa, visando a uma ação sutil e não violenta. Assim, os instrumentos de gestão sistêmicos são outros. Mínima especificação crítica, identidade, variedade de requisito, redundância, diversidade criativa, visão compartilhada, cocriação, desen- volvimento de visão e processos decisórios por meios participativos. O desenho organizacional sistêmico estimula a ação influenciando sistemas vivos complexos. Reconhece e projeta um equi- líbrio dinâmico entre cooperação e competição, imitando a natureza. Inclui, em vez de excluir ou extinguir. Descentraliza, em vez de centralizar. Age colaborativamente às forças ambientais, em vez de reagir violentamente a elas. A natureza transcendente das organizações sistêmicas Muitos gestores e teóricos organizacionais argu- mentamque não faz sentido falar em “organiza- ção sistêmica”, pois todas as organizações são, por natureza, sistêmicas. Seja por um modelo mecanicista ou por um que se assemelhe a um sistema vivo, ela será sistêmica de qualquer modo, pois uma organização é um sistema em si, orientado por objetivos compostos por partes interdependentes. Nesses termos, existe a possi- bilidade em aceitar, em parte, tal argumentação. Porém, o que se deve compreender é que o desenho organizacional ou sua estrutura pode ser concebido de maneira mais mecanicista ou mais sistêmica, reiterando, aqui, a apropriaçãodo termo “desenho organizacional sistêmico” para uma organização cujo projeto siga os princípios do Pensamento Sistêmico. Portanto, não desejamos que o termo seja visto como um fenômeno externo para nomear uma realidade independente de nós todos. O Pen- samento Sistêmico não é um objeto isolado. O termo sistêmico se religa a uma visão, um cami- nho ou a um veículo. É o dedo que aponta em uma determinada direção, talvez para muitas

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