Revista da ESPM_JAN-FEV-2012
j a n e i r o / f e v e r e i r o d e 2 0 1 2 – R e v i s t a d a E S P M 27 assustadores e perigosos do que o risco de não conseguir entrar. A cada ano aumenta o núme- ro de imigrantes ilegais que são sequestrados, assaltados, violentados e às vezes assassinados por gangues especializadas que atuam perto da fronteira. Muitas dessas pessoas simples- mente desaparecem e as famílias jamais ficam sabendo o que houve com elas. Dividido em quatro partes, Os invisíveis comove ao confrontar o espectador com detalhes concretos, revelando ameaças ter- ríveis enfrentadas por pessoas reais, com rostos, nomes e sobrenomes. Pessoas pelas quais os seus familiares esperam, às vezes durante anos e inutilmente, em algum lugar do mundo. A primeira parte, Seaworld , filmada num refúgio para imigrantes no México, lida com fortes contrastes, mostrando os perigos que esperam por eles e destacando, ao mesmo tempo, o sonho de uma jovem que viaja com a sua família de conhecer o Seaworld Adven- ture Park. Na segunda parte, Seis de cada dez , Gael García Bernal registra o testemunho de três mulheres de Honduras que viajam à procura de uma vida melhor. É estarrecedor descobrir, frente à revelação de que seis em cada dez mulheres que enfrentam a viagem sofrem abusos sexuais, que elas não apenas conhecem esse risco como se preparam física e psicologicamente para passar pela situação praticamente inevitável. A terceira parte, O que fica , traz do Centro-América o discurso de familiares próximos que não sabem o que ocorreu com os seus entes queridos. Ouve-se, dentre outras, a voz de uma mãe de El Salvador relatando que há dez anos não tem notícias do seu filho, que partiu para os Estados Unidos prometendo ligar em doze dias. Na última parte, Gol , fica claro que, desafor- tunadamente e apesar dos riscos, do medo e dos horrores, um grande número de pessoas continuará se submetendo a todos os peri- gos acima relatados, dormindo a céu aberto, mendigando comida e se dependurando de vagões em movimento na tentativa de cruzar a fronteira, acabar com os seus sofrimentos e desfrutar de uma vida plena. Para além das particularidades subjetivas presentes na história de cada um dos milhões de protagonistas, bem como da especificidade histórica das respectivas ondas migratórias, vale destacar o sofrimento que perpassa esses movimentos, bem como a esperança que acompanha aqueles que procuram nos Estados Unidos uma nova vida. O consumo irrestrito da felicidade O movimento pentecostal no Brasil pode ser dividido em três tempos: o primeiro com- preende o decurso que vai de 1910 a 1950; o segundo, caracterizado pela multiplicação contínua de grupos, estende-se da década de 1950 até os anos 1960; e o terceiro, neopen- tecostal, iniciado no final da década de 1970 e fortalecido ao longo dos anos 1980, em que foi fundada a Igreja Universal do Reino de Deus (FRESTON, 1996). AIgrejaUniversaldoReinodeDeuséumaigreja cristã evangélica neopentecostal, com sede no Rio de Janeiro. Fundada em 1977, por Edir Macedo, a igreja se tornou o primeiro e maior grupo neopentecostal do Brasil e está presente em quase 200 países. Sua expansão fora do país ocorreu na década de 80, com a abertura do primeiro templo na cidade de Nova Iorque.
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