Revista da ESPM_JAN-FEV-2012

R e v i s t a d a E S P M – j a n e i r o / f e v e r e i r o d e 2 0 1 2 32 países que participaramda Reforma Protestante na Europa. Lima (2001 apud Storni & Estima, 2010), até su- gere que “ há várias datas de estímulo ao consumo que são marcadas pela religiosidade, como é o caso da comemo- ração do nascimento de Cristo que, para o capitalismo, tornou-se o maior evento de distribuição de presentes ”. Aprópriadiscussãoacercadoproces- so de trocas simbólicas que ganhou mais força a partir da segunda me- tade do século XX (Berger, Bordieu, entre outros), ajuda a formar a ideia e a fomentar a possibilidade de se desenvolverem técnicas para in- fluenciar o comportamento também nesses tipos demercados. Assim, o campo religioso tambémpassa a ser encarado como ummercado. Ora, a religião sendo vista de uma forma mais mercantil, natural éque sejamutilizadaspor parte dos seus gestores técnicas e práticas para amelhor eficácia na troca com seus consumidores. Aqui, denominados respectivamente, igrejas e fiéis . Outro fator que justificaria a existência de um marketing religioso é o aumento do número de organizações religiosas, uma proliferação de igrejas, seitas e outras formas de religiosidade em geral. Em reportagem produzida pelo SBT (2009) constatou-se que, em São Paulo, surge um templo a cada dois dias. Muitos deles são iniciativas quase que caseiras, que não evoluem, e com curiosos nomes de marca ( Igreja das Sete Trombetas doApocalipse, Igreja Pentecostal do Pastor Sassá, IgrejaPentecostalCuspedeCristo, IgrejaPente- costalJesusVemVocêFica,IgrejaETQB–EuTambém Quero a Benção ), mas outras se tornam grandes organizações até com expansão internacional. A Igreja Universal do Reino de Deus é um exemplo muito estudado porque assume uma postura e estilo essencialmente empresariais na conduta de conquista e retençãodefiéis, na forma equantida- de de arrecadação e no massivo investimento em comunicação. Para alguns autores, como Ribeiro (2001), “ o pentecostalismo e, mais particularmente, a IgrejaUniversal doReinodeDeus foi quemintroduziu no campo religioso a linguagem do marketing e da televisão. Até então, ela era utilizada de uma forma muito reduzida e não sistemática ”. Religião e segmentação Ao perceberemo aumento das diferentes opções religiosas ofertadas, é natural que as pessoas se engajemnaquelas quemelhor respondamàs suas necessidades individuais. A utilização das ferra- mentas do marketing, embasada no estudo e na análise dos fiéis, tem como objetivo desenvolver ofertas religiosas adaptadas às necessidades espi- rituais dos públicos pretendidos, possibilitando assim uma maior satisfação, e, como objetivo final, uma maior retenção dos fiéis. A segmentação de mercado mostra-se nesse contexto também o primeiro caminho para o desenvolvimento de um eficiente posiciona- mento das igrejas. A questão que se coloca é: quais as chances de umaúnicaoferta conseguir satisfazer aumgrupo muito grande de pessoas? } ...a rel igi ão foi passando pouco a pouco para o ter r i tór i o do i nd i v í duo. E deste pa ra o do consumo, onde se vê agora obr igada a segui r as regras do mercado. ~ R eg i na ldo P rand i Odízimo, queéaquantia equivalente a umdécimo da renda do fiel, tornou-se símbolo de troca por graças pedidas e/ou al- cançadas. Em algumas igrejas neopentecostais a quantia estipulada é cobrada a cada culto em que o fiel participa.

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