Revista da ESPM_JAN-FEV-2012
j a n e i r o / f e v e r e i r o d e 2 0 1 2 – R e v i s t a d a E S P M 53 Não criou um sistema semanal de eventos, voltados a milagres especiais, não ensinou mantras e palavras mágicas, não fez correntes de fé e nem as distribuiu. Na verdade, desferiu golpes duríssimos contra a estrutura religiosa da tradição farisaica e corrompeu todos os hábitos e cerimoniais que se prestam a gerar identidade de grupo e espírito de corpo. Deixou seus seguidores praticamente sem qualquer instrumento de amarração simbó- lica de controle das massas. Sem qualquer sombra de dúvidas, fosse Jesus um líder reli- gioso trainee em qualquer dessas neosseitas populistas, seria imediatamente considerado um estorvo, quem sabe incompetente ou inadequado para a função. Incapaz de usar máscaras e se comportar como personagem à vontade no palco, nada afeito à manipulação psico-emocional para conquistar prosélitos, sempre falando que o dinheiro é perigoso, condenando o acúmulo de riquezas e enfa- tizando o cuidado dos pobres, sem qualquer pretensão de criar produtos para divulgação de sua seita, discreto demais para quem se afirma o unigênito do Deus criador dos céus e da terra, entra em Jerusalém sem ostentar NOTAS 1. XAVIER, Adilson. O Deus da criação . Rio de Janeiro: BestSeller, 2006. 2. Idem. ED RENÉ KIVITZ Teólogo e pastor da Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo. ES PM uma capa cintilante enquanto cavalga um cavalo branco, mas arrastando os pés no chão montado num jumentinho. Não foi sem razão que se dizia que o mo- vimento de Jesus nada tinha de religião: não tinha templos, não tinha sacerdotes, não tinha cultos, não tinha dias ou lugares sagrados, enfim nada tinha. Tinha apenas a convicção de que o Cristo estava vivo, havia aparecido a muita gente antes de subir aos céus e voltar para seu Pai, e depois havia derramado seu Espírito para viver em todos os corações de fé. A conclusão a que se chega é que Jesus foi sim um extraordinário homem de marketing. Mas não o fez seguindo teorias potenciali- zadoras de resultados. Jesus foi apenas ele mesmo. Suas palavras eram perfeitamente coerentes com seu caráter. Sua mensagem era apenas e tão somente manifestação do seu coração. Seus atos foram expressões de sua compaixão genuína por todos aqueles com quem trocou olhares. Ao fim das con- tas, na verdade, o caminho de Jesus não foi marketing driven . Foi love driven . E por isso mesmo chegou aonde chegou. Omarketing religioso é umconjunto de ações que visa estimular a participação ativa dos indivíduos na crença de uma única confissão, englobando todas as habilidades para enten- deromercadoeprojetarumapropostadevalor relevante para esse público-alvo.
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