Revista da ESPM_JAN-FEV-2012
j a n e i r o / f e v e r e i r o d e 2 0 1 2 – R e v i s t a d a E S P M 59 o Iluminismo Ocidental. Parecia negar valores sagrados da modernidade. A Islamização de parte do mundo começa no final da década de 1970 e passa pelo Talibã e, se o Ocidente não presta a devida atenção à atual revolta Árabe, estaremos empurrando a “primavera Árabe” em direção ao integrismo fundamentalista 16 . Se Deus está morto (Nietzsche), e segundo ele, fomos nós que o matamos, com nossa falta de fé e nossa hipocrisia. Os falsos ídolos que subs- tituemos deuses, as guerras civis que explodem por toda parte em nome do modelo Ocidental de democracia. Jovens que nunca conhecerama democracia são bombardeados com “modelos” de consumo capitalista. A frustração dos jovens os levará em direção ao Islamismo radical, enquanto o Ocidente só pensa em obtenção de petróleo abundante e barato. O temor a Deus é uma das características do monoteísmo atual, a punição e recompensa são as armas das instituições religiosas atu- ais. Os homens olham cada vez mais para o céu à procura de respostas frente às doenças, violência, desemprego, drogas e a morte. A atual espiritualidade é um esforço desespe- rado dos homens face ao abandono de Deus. A tentativa gloriosa do Imperador Juliano, que governou de 361 a 363 de nossa era do Império Romano, de reinstaurar o Politeísmo como forma de responder ao poder absoluto da instituição religiosa. O politeísmo era a resposta dos homens aos temores existen- ciais desde a Grécia Antiga. Nietzsche tinha razão ao afirmar que seus es- critos só seriam compreendidos no século XX, já que, no atual, os homens declararam guerra mundial a nosso habitat 17 . Seria essa tentativa de suicídio coletivo que faz os homens procurarem com tanto afinco ou persistência a espiritua- lidade abandonada tanto tempo atrás. “Para onde vai o mundo moderno? Em direção ao esgotamento ou em direção ao renascimento? Sua diversidade e sua inquietude decorrem do fato que ele começa a tomar uma consciência aguda de si”. NIETZSCHE. NOTAS 1. Deuses e heróis do levante. II A era mitológica , in CAMPBELL, Joseph: As máscaras de Deus − Mitologia Ocidental , Editora Palas Athena, SP, 2004, pág. 93. 2. FOUCAULT, Michael. O nascimento da clínica , Forense Universitária, Rio, 1998. 3. MARTINS, André: Pulsão de morte . Editora UFRJ, 2009, págs. 85-6. 4. Gênese 2:4-4:16. 5. CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus − Mitologia primitiva , págs. 130-188. 6. KRAMER, Samuel Noah. Sumerian Mythology – The American Philosophical Society , Filadélfia, 1944, pág. 102. Citado por CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus − Mitologia Ocidental , Palas Athena Editora, SP, 2004, pág. 95. 7. L’ordre de chevalerie - 1510, publicado em P. Allut, etude Historique et bibliographie sur S. CHAMPIER, Lyon, 1899, pp75-6. 8. MORE,Thomas. L’utopie ,Ed.Stouvenel,Paris,1945,p.75. 9. ELIADE, Mircea. História das crenças e das ideias religiosas. Tomo I, Zahar, Rio de Janeiro, 2010, pag. 77. 10. Fustel de COULANGES: A cidade antiga , Martin Claret, SP, 2011, pg.172, cap.VII. 11. Coleção dirigida por ARIÈS, Philippe e DUBY, Ge- orges. História da vida privada , Vol. 1, companhia de Bolso, SP, 2010. 12. DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente , Companhia de Bolso, SP, 2009, pag.23. 13. Ver BELLET, Maurice. La Peur ou La foi , Paris, 1967. Citado por Delumeau. 14. DELPIERRE, Guy. La peur et L’être , p.27. 15. A. S. FRANCHINI-Carmen SEGANFREDO: As 100 melhores histórias da mitologia , L&PM Editora, RS, 2004, p.207. 16. GAARDER, Jostein; HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry. O livro das religiões , Companhia Das Letras, SP, 2006. 17. SERRES, Michel. A guerra mundial , Bertrand Brasil, JORGE LORENZO VALENZUELA MONTECINOS Professor da ESPM-SP. Doutor pela Universida- de de Paris em História Social. Pós-doutor pela USP em Política Internacional e Comparada. Especialista em Ética pela PUC-Seminário Campinas/SP. ES PM
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