Revista da ESPM_JAN-FEV-2012

R e v i s t a d a E S P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 70 } As pessoas acompanham esses padres porque eles são bonitos e a música é gostosa. Só que o negócio está vazio e superficial. ~ ‘ E N T R E V I S T A reconhecer que é um ser forte e tem algo de bom dentro de si que pode usar para ajudar Deus a tornar esse mundo melhor. É um papel proativo, no qual o homem se torna agente da vontade de Deus. En- quanto isso, as igrejas, principalmente as que estão chegando e querem ganhar terreno, apelam para o poder do milagre. Elas estão dizendo exatamente o contrário, ao afirmarem que você é fraco, mas vai tornar-se forte com a força que vem de cima, aceita essa força para realmente conseguir aquilo que quer. Eles simples- mente dizem: “Recebam o que querem lhe dar e esqueçam-se do resto”. Essa não é uma questão fundamental? PE. CHRISTIAN – O homem dentro da socie- dade é um agente de transformação. Quando falamos em doenças e milagres, é preciso considerar que os próprios homens criam as doenças e depois correm para tratá-las e tentar melhorar a saúde das pessoas. Quando as pessoas buscam as religiões, que usam o milagre como apelo, veem que 90% delas são enganação para ganhar dinheiro. O problema é a falta de educação e de informação na nossa sociedade. Isso faz com que essas pessoas se deixem levar. Existem pessoas abastadas que frequentam essas religiões em busca de algo mais individual, mas a grande maioria não. Nas favelas, por exemplo, em cada esquina há uma igrejinha evangélica ou Assembleia de Deus. Eles se aproveitam da ingenuidade, da pobreza das pessoas para poder criar um culto, uma religião. ISMAEL – Isso é um fenômeno contempo- râneo ou um processo histórico que vem se repetindo independentemente das proposições ideológicas? Parece-me que esse não é um fenômeno só contempo- râneo, ele tem uma forma diferente de se expressar a partir da realidade pós-moderna que vivemos. Mas esse pro- cesso é histórico, se entendermos os di- ferentes movimentos religiosos – até em determinado momento a própria igreja católica, com o Papa desculpando-se de algumas coisas que aconteceram. PE. CHRISTIAN – Sempre há uma repetição do passado, mas de forma diferente. Se ob- servarmos a própria igreja católica, quantas pessoas morreramna inquisição? Vamos pegar o exemplo da República Democrática do Con- go, o ex-Congo Belga. Lá, a igreja católica foi cúmplice de atos de extermínio do povo, de- vido à força que tinha nas colônias. O mesmo aconteceu com a questão da escravatura no Brasil. Hoje, a proliferação das religiões é um fatomundial. Como aconteceu no passado com o cristianismo acontece com essas seitas no mundo inteiro. Neste momento, o importante é a formação e a informação do nosso povo, que são de suma importância para que as pes- soas possam decidir qual caminho seguir. As pessoas se deixam atrair facilmente por uma religião, que atrai com músicas etc. Faz bem, mas precisa existir algo mais. É a questão do compromisso que temos com a nossa socie- dade. E qual é o compromisso que tem uma pessoa que sai da Assembleia de Deus? ISMAEL – Vejo a nominação desta ou daque- la religião como algo preocupante, porque acabamos generalizando. PE. CHRISTIAN – Existem várias, mas o impor- tante é o compromisso com um segmento reli- gioso. Vocês podemperguntar sobre o papel do j a n i r o / f e v e r e i r o d e 2 0 1 2

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