Revista da ESPM_JAN-FEV-2012

s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a E S P M 71 S o f i a E s t e v e s } Costumo dizer que a única esperança é a bioé- tica que estimula o diálogo. Sem isso, cada um vai querer puxar o cordão para o seu lado. ~ espiritismo nessa história. O espiritismo é uma filosofia e não uma religião. É também uma maneira de fazer o bem, como a Casa André Luiz. Para os católicos, esse compromisso está relacionado à fé no Cristo ressuscitado. Vamos atrás do que os evangelhos nos ensinam, que é justamente esse projeto de fraternidade, solida- riedade, partilha e perdão entre as pessoas, que precisam tentar conviver da melhor maneira possível dentro da sociedade. ISMAEL – Quero voltar ao tema da pós- modernidade e do projeto de vida, que muitas vezes é observado dentro das igrejas – sejam católicas ou evangélicas. Em alguns momentos, as pessoas ficam ali só vivendo de sensações porque na- quele espaço têm experiências místicas. Essa é uma maneira de atrair as pessoas. É uma forma de as igrejas aproveita- rem essa realidade pós-moderna que vivemos para aproximar pessoas e, de alguma maneira, tê-las dentro de suas comunidades. Nesse cenário, não há um investimento por parte dessas igrejas para que o próximo passo seja dado? PE. CHRISTIAN – Vejo a igreja como uma merca- doria dentro da ideologia vigente. Emqualquer religião, o mercado é mais importante que participar de uma missa ou de uma oração. As pessoas vão a Aparecida ou a Lourdes, por exemplo, comprar coisas. Gostaríamos que houvesse um passo seguinte na busca de valores a serem vividos. Por enquanto, quem tenta trilhar o caminho da solidariedade e da partilha é a igreja católica, com iniciativas como a Campanha da Fraternidade, que ocorre todo ano durante a Quaresma. É ummomen- to no qual a igreja e a sociedade trabalham juntas. Em 2012, o tema será Fraternidade e Saúde Pública, com o objetivo de fazer com que o SUS funcione de forma satisfatória para todos. Isso é só para exemplificar o quanto a igreja católica tenta se inserir no social. Se você compromete-se a seguir o bom catolicismo, se tem uma tendência para a igreja evangélica, vá atrás. Agora, quais os valores que existem nessas religiões? Isso que temos de pesar. Quando falo aos jovens, sempre digo que a mudança na sociedade precisa começar pelo ensino fundamental, com matérias que falem de ética e bioética. No nosso Centro Univer- sitário estamos tentando editar um livro de bioética direcionado ao ensino fundamental, porque os adultos já estão viciados e esta é uma mudança difícil. Costumo dizer que a única esperança é a bioética que estimula o diálogo. Sem isso, cada um vai querer puxar o cordão para o seu lado. GRACIOSO – Os últimos dados do IBGE mostramque, em20 anos, a igreja católica vem perdendo fiéis, na proporção de 1% ao ano, no Brasil. Hoje, pouco mais de 60% dos brasileiros se declaram católicos. Se esta tendência continuar, daqui a 15 anos, o catolicismo vai chegar ao perigoso limite } Quando uma pessoa se declara católica é porque foi batizada. É aí que temos de repensar o modelo. ~ j a n e i r o / f e v e r e i 2 i Pe. Christian de Paul de Barchifontaine