Revista da ESPM_JAN-FEV-2012
j a n e i r o / f e v e r e i r o d e 2 0 1 2 – R e v i s t a d a E S P M 95 } O publ ici tár io Alex Per i sci noto disse que o maior s ím bolo de market ing do mun do é a cruz, conhecida em qualquer lugar do planeta. ~ acreditar em alguma coisa e isso é um completo equívoco. A fé, em si, é o próprio impulso para definir uma ordem superior. Depois vem toda a gama, variedades e tona- lidades que nós, humanos, somos capazes de fazer. Nossa função no universo é inventar. Na Terra, tudo que a natureza não fez, fomos nós que criamos. É inevitável que haja uma gama de possibilidades de como assimilar esse impulso chamado “fé”. Mesmo para ser agnóstico é preciso crer que não se acredita em nada. A fé é o alicerce de todas as religiões e responde a essa suspeita que temos de que o universo é uma arquitetura inte- ligente. A religião tenta explicar essa arquitetura e lhe dar forma, baseada em quatro pilares. O pri- meiro passo é estudar, especular e elucubrar a respeito de Deus, e to- das as escrituras religiosas servem a esse propósito. Depois, é preciso ritualizar esse conhecimento atra- vés dos sacramentos com o intuito de sair da ignorância e se iluminar espiritualmente. Já a terceira etapa não é cumprida por todas as reli giões e está relacionada ao processo de aproximação a uma inteligência superior por meio de experiências subjetivas e marcantes. Mudam apenas as tonalidades, como aquela imagem da morte do tubo de luz e os seres esperando no fim desse tú- nel. Isso é universal, não importa a religião, essa imagem vai aparecer. O quarto ponto é ainda mais raro de acontecer. É o processo iniciáti- co, que fornece, através da religião, meios de acelerar esse aprendizado. Hoje, na igreja católica, esses pro- cessos iniciáticos são apenas do sacerdócio e não dos fiéis. JORGE – Não é verdade. QUIROGA – Não, têm os poucos sa- cramentos – o batismo, a crisma. O motivo era apenas dizer que a motivação é essa busca por uma inteligência superior, um fato ine- rente ao ser humano. PASTOR ED RENÉ – Temos duas perguntas na mesa: o que motiva o fiel e o que está acontecendo no mundo? A modernidade é um pon- to interessante de ser abordado. Na pré-modernidade, Deus ocupava o centro de tudo. Na modernidade, o homem passou a ser o centro e na pós-modernidade não temos mais centro. Há um desencanto com a promessa da modernidade, que fez água, só que fez também uma nuvem e deixou, sub judice , as tradições religiosas pré-modernas. Hoje, religião é um palavrão e es- piritualidade, um objeto de desejo. As pessoas não querem uma expe- riência religiosa institucionalizada, porque a modernidade trouxe a emancipação do dogma do controle da religião sobre a consciência in- dividual. O homem contemporâneo está liberto desse cativeiro religio- so. Ele quer escolher no que crer, mas ainda quer uma experiência com o Divino. Isso explica o que motiva essa pessoa: culpa; medo; lidar com o sofrimento; senso de fi- nitude; ganância; e a própria busca do sagrado. Somos revoltados com
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