Revista da ESPM JAN-FEV_2007

6. OS SUPOSTOS BENEFÍCIOS ASSOCIADOS À ESPIRITUALIDADE Ao longo deste trabalho alguns bene- fícios associados à EAT já foram abor- dados, mas nesta seção pretendemos esmiuçá-los. Acreditamos que os ga- nhos atinentes à sua adoção não sejam facilmente mensuráveis, tendo-se em vista que não se trata de uma ferra- menta de gestão propriamente dita. Num contexto onde tem prevalecido a lógica dos retornos financeiros de curto prazo, a demissão de funcioná- rios sempre que ummodesto sinal de anormalidade surja no horizonte e a busca incessante de estruturas hierár- quicas horizontalizadas, quando não apenas minimalistas, tentar produzir transformações sem o apelo material soa como quase utópico. Conseqüentemente, avaliar a perspec- tiva espiritual mediante tais critérios nos parece inadequado. Mas tão im- portante quanto a coluna de lucros é o conjunto de princípios que poderiam – assim nos parece – nortear a gestão de umnegócio quando se abarcamos postulados da espiritualidade. Como a lógica exclusivamente materialista – cujos sinais são sobejamente conhe- cidos – tem trazido muita infelicidade ao LT, a contrapartida espiritual pode- ria teoricamente levar – assim espe- culamos – a um desejável equilíbrio. Posto isto, o quadro 3 apresenta uma síntese dos potenciais resultados da EAT extraídos da literatura revisada. No que concerne às pessoas (empre- gados), a compreensão – e, sobretudo, assimilação – sobre o significado da espiritualidade – inspirado ou não em crenças religiosas e baseado no senso comum – pode levar a uma mudança de valores. A partir daí, aspectos cons- cienciais passam a atuar com muito mais rigor. Por conseguinte, passa- se a cultivar determinadas virtudes que antes estavam um tanto quanto esquecidas, tais como: misericórdia, compaixão, bondade, honestidade, caráter, entre tantas outras. O respeito aos semelhantes torna-se obrigação. Readquire importância a necessidade de paz interior e outras dimensões da vida como família, lazer, saúde e solidariedade. O lado mais visível dessa transfor- mação é a mudança de atitudes. As pessoas tendem a ser mais brandas, justas e serenas na condução de suas vidas diárias. Em decorrência disso, elas sentem a necessidade de fazer aos outros aquilo que gostariam que a elas lhes fosse feito. Lesar, enganar, manipular e explorar os semelhantes se tornam atitudes absolutamente in- toleráveis. Descobre-se, enfim, que a vida é muito mais que um cargo e um bom salário. Além disso, se adquire mais força e equilíbriopsíquicopara se enfrentar as vicissitudes da existência (afinal, quem não as têm?). No outro extremo estão as empre- sas, que, segundo Mitroff e Denton (1999b), quando vistas como mais espiritualizadas, obtêm mais de seus participantes e vice-versa. Ou seja, é uma troca em que todos tendem a sair ganhando. Ou, como sugere Butts (1999), direciona ao desenvolvimento humano completo. Para Rosenbluth e Peters (1998) as empresas têm todo o direito de esperar o melhor de seus empregados desde que elas criem um ambiente à altura de tais expectativas. Entretanto, Milliman et. al. (1999) as- severamque se a questão da espiritua- lidade pode ter um impacto positivo Para Resultado esperado QUADRO 3 POTENCIAIS CONTRIBUIÇÕES DA EAT PESSOAS EMPRESAS v Valores v Virtudes v Atitudes v Valores v Responsabilidade social v Visão v Valorização humana v Qualidade Anselmo Ferreira Vasconcelos 119 JANEIRO / FEVEREIRO DE 2007 – R E V I S T A D A E S P M

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx