Revista da ESPM JAN-FEV_2007
em empregados e organizações, ela é relevante porque muitos CEOs não irão aceitar sua prática, aomenos que ela favoreça a linha de lucro. A essa altura, entendemos que as mudanças que a idéia de espiritualidade enseja podem contribuir também para os resultados. A propósito, Mitroff e Denton (1999a) avaliam que se as organizações desejam ser lucrativas no longo prazo, precisam aprender a como ser espiritualizadas. Diante disso tudo, uma empresa só pode ser classificada de espiritualizada a partir do momento em que ela, tal qual as pessoas que a compõem, passa a ser movida por valores. E o lado mais saliente dessa virtude é a prática incessante da ética nas relações e decisões e no comportamentomoral irreprochável dos seus dirigentes. Sejam as organizações movidas por atitudes benignas e cooperativas – isto é, calcadas na espiritualidade –, ou focadas na manutenção do valor de suas reputações, o tema da ética pas- sou a ser uma preocupação crescente (Zylbersztajn, 2002). Hoje, a dimensão responsabilidade social é uma questão empresarial es- tratégica e, como tal, deve ser tratada, indiscutivelmente, como um investi- mento que melhora a performance de longoprazodas empresas (Varadarajan e Menon, 1988, p. 59), apesar de muitas empresas encararem-na – junta- mente com sustentabilidade – como coisa somente ao alcance dos ricos (Handy, 2002). Na opinião deHerman e Gioia (1998), clientes, acionistas e outros stakeholders estão procurando por mais do que apenas lucro, o que não deixa de ser auspicioso, pois organizações que não praticarem a responsabilidade social tendema rece- ber o desprezo de toda a sociedade. A visão , por sua vez, para ser integradora deve necessariamente ser comparti- lhada entre seusmembros.Nãohámais dúvida em relação a isso. Conforme Senge (1998, p. 235), “Uma visão compartilhada, espe- cialmente uma visão intrínseca, ele- va as aspirações das pessoas. O trabalho torna-se parte da busca de um propósito superior incorporado aos produtos e serviços das organiza- ções...” E o mesmo autor acrescenta que “As visões são excitantes. Criam a centelha, o entusiasmo que eleva a organização do mundano [...].” Se a visão for suficientemente convincente, os empregados terão orgulho em se envolver e dela fazer parte. Nesse sentido, Neck e Milliman (1994) es- clarecem que o desenvolvimento de uma visão espiritual pode amarrar os empregados à empresa e elevar a per- formance, segundoThompson (2000), baseado em estudos efetuados pela Harvard Business School e Vanderbilt University Business School, em 400 a 500% em termos de ganhos líqüidos, retorno sobre o investimento e o valor para os acionistas. No bojo da EAT, está a valorização humana ; é uma condição sine qua non . Não como um artifício retórico, mas através de ações concretas. Do contrário, se tema desconfiança, o ce- ticismo e, por fim, a desarmonia no LT. Mais grave ainda: a perda de talentos e capital humano, cuja substituiçãopode até ser, dependendodas circunstâncias, impossível.Avalorização paraOliveira (2001, p. 69) significa enxergar cada funcionário na sua condição plena, isto é, biológica, mental, emocional, espiritual, filosófica e social. E a razão dessa tendência, segundo ele, não é filantrópica, mas é que as empresas estão se tornando mais inteligentes. Finalmente, elas descobriram que nesse mundo sistêmico e interligado elas só sobreviverão se obtiverem do seu pessoal um trabalho de verdadeira equipe em que predomine a visão holística. E equipes, lembra o autor, são formadas de pessoas. Segue daí a inevitabilidade de as empresas valorizarem e respeitarem, crescen- temente, seus funcionários. Quem procede demodo contrário, provavel- mente enfrentará sérios problemas no futuro. Por fim, um outro elemento crítico e indispensável é a qualidade. Com qualidade queremos dizer a preocupação com o provimento de produtos e serviços que embutamuma perspectiva societal. Ou seja, soluções que apresentem qualidade de vida e que, por isso mesmo, contemplem a sociedade (bem-estar do homem), os consumidores (satisfação de desejos) e das empresas (lucro) conforme reco- mendam Kotler e Armstrong (2003). Podem ser considerados exemplos de tais condutas: (1) Johnson & Johnson no caso da adulteração das cápsulas deTylenol que, não obstante a geração de uma perda imediata de 240milhões de dólares, fortaleceu a confiança e a lealdade do consumidor para com a empresa e a marca continua a ser a mais consumida nos Estados Unidos (Kotler e Armstrong, 2003); (2) a cres- cente onda de produtos orgânicos (Loturco, 2002); e (3) o lançamento de um produto mais saudável da Elma Chips (O Salgadinho..., 2002). Acreditamos que a sociedade tenderá, cada vez mais, a execrar produtos e serviços não saudáveis. Sugerimos que as empresas que desrespeitam o meio ambiente, funcionários e con- sumidores e que prejudicam a saúde Espiritualidade no ambiente de trabalho 120 R E V I S T A D A E S P M – JANEIRO / FEVEREIRO DE 2007
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