Revista da ESPM JAN-FEV_2007
ES PM valores, enfim, que norteiam pessoas e, por extensão, instituições. Hoje e cada vez mais, tornam-se inaceitáveis determinados comportamentos e atitudes que venhama prejudicar pes- soas, o meio ambiente e o bem-estar geral. E a perspectiva espiritual vem nos lembrar que devemos viver uma existência digna e justa, de tratarmos as pessoas como gostaríamos de ser tratados, de não explorarmos, de não roubarmos, de não enganarmos e nem desrespeitarmos nossos semel- hantes porque, conscientemente, não gostamos de ser explorados, de sermos roubados, de sermos enga- nados ou de sermos desrespeitados. Tais escolhas indicam, obviamente, o quanto se é espiritualizado, sejam pessoas ou organizações. Desonestidade, mesquinhez, avare- za, indiferença em relação à dor do próximo, impiedade, falta de compaixão e ética são caracterís- ticas – encontradas em profusão em nosso planeta ainda – de atra- so moral. Como contraponto, a questão espiritual vem, pelo que pudemos apurar, ajudar a despertar nas criaturas humanas o que elas têm de melhor, às vezes dormitando em algum lugar da consciência, esperando para desabrochar. No dia- a-dia aderir à espiritualidade significa fazer sempre o melhor ao nosso alcance, de praticarmos a bondade sem limites, de levarmos para o LT – ou qualquer outro lugar – boas vi- brações e sentimentos, a bondade, a harmonia e nossas capacidades e talentos visando ao bem-estar e ao progresso coletivo. Para as empresas, por outro lado, introjetar os conceitos espirituais en- volve dar oportunidades às lideranças que, por meio de ações e palavras, também se sintonizem com tais ideais. Potencialmente, tal atitude pode implicar no sacrifício imediato de lucros maiores, mas certamente se ganhará em respeito, admiração e na performance de longo prazo. A EAT também envolve maior respeito à diversidade, às opções de cada um e ao direito que o trabalhador tem de ser informado sobre a estratégia, perfor- mance emetas da empresa. Emoutras palavras, incentiva-se a participação e realização de todo o potencial hu- mano. Do lado estratégico, conforme averiguamos nas páginas anteriores, a EAT empurra as organizações para o cultivo de valores éticosmorais e práti- cas de responsabilidade social. Diante do exposto, a nossa in- vestigação aponta para o fato de estarmos vivendo o início de uma transformação silenciosa marcada pelo paradigma da espiritualidade (queiram adotar esse nome ou não). Ademais, o modelo tradicional de progresso que prevaleceu até hoje não conseguiu e não está conse- guindo compatibilizar adequada- mente as demandas e expectativas de todos os segmentos. A nossa investigação revelou também que a concepção espiritual tem muito a oferecer de positivo às organiza- ções e às pessoas – muito além do fad-management . Afinal, já há um considerável número de evidências empíricas que, por sua vez, sinalizam que a EAT cria uma nova cultura or- ganizacional na qual os empregados se sentem mais felizes e desempe- nham melhor (Garcia-Zamor, 2003). Ou seja, trata-se, ao que tudo indica, de um enorme salto qualitativo ou de uma quebra de paradigma numa direção nunca antes cogitada. BIBLIOGRAFIA ANDERSON , Carl. Values-based management. Academy of Management Executive , v. 11, n. 4, p. 25-46, 1997. BARRET , Richard. Organizational Transformation Liberating the Corporate Soul. Business Spirit Journal Online. Disponível em<http//www.bizspirit. com/bsj/> Acesso em: 19 jan. 2003. BELL , Emma; TAYLOR , Scott. The elevation of work: pastoral power and the new age of work ethic. Organization, v. 10, n. 2, p. 329-349, 2003. BRISKIN , Alan. A riqueza espiritual no ambiente de trabalho: quando o sucesso dos negócios depende do seu bem-estar. São Paulo: Futura, 1997. BRUCE ,WillaM. 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