Revista da ESPM JAN-FEV_2007
Case-study 52 R E V I S T A D A E S P M – JANEIRO / FEVEREIRO DE 2007 na contratação de pessoas idosas, os funcionários com mais de 60 anos contam com um benefício adicional: eles têm direito a uma semana de folga por ano sem ne- cessidade de compensação dos dias não trabalhados. Outro aspecto que mostra a ir- reverência da APSEN em relação às práticas de Gestão de Pessoas é o Plano de Carreira. Serra acredita que “da forma como o mercado está instável atualmente, com empresas que se fundem, empresas que são vendidas, outras que fecham, es- truturas que se modificam, é uma leviandade a empresa redigir um documento assegurando ao fun- cionário que daqui a tanto tempo, se ele cumprir tal e tal etapa, ele será tal coisa. Não tem como a gente garantir isso. É criar uma expectativa que talvez a gente não possa atender”. Na APSEN, o Plano de Carreira é definido pelo próprio funcionário. “O que a gente pede para as pes- soas é que dêem seu melhor que a gente está de olho, está acom- panhando. Se você está dando resultados, certamente você estará no plano sucessório”, acrescenta. No ano passado, houve 21 pro- moções de profissionais internos para preencher vagas abertas. Atualmente, Serra e sua equipe estão empenhados em desen- volver um modelo de Avaliação de Desempenho que se adapte às pe- culiaridades da empresa, que seja capaz de avaliar, além das com- petências técnicas, as competências humanas, principalmente, aspectos mais subjetivos, como a capacidade da pessoa de interagir com os cole- gas e, por meio dessa boa interação, atender os resultados que a empresa espera dela. A APSEN tem hoje 611 profissionais no seu quadro de pessoal. O índice de “turn-over” é de 0,7%. Segundo Serra, “as empresas consideram nor- mal um “turn-over” de 10%. O da APSEN não chega a 1%. As poucas demissões que temos ou são volun- tárias porque a família mudou de estado, casou..., alguma coisa assim, ou por alguma razão a pessoa não se alinhou com o modelo de Gestão. Se a APSEN é rigorosa com alguma coisa é na cobrança do modelo de Gestão, ou seja, no relacionamento com as pessoas, no respeito à auto- estima. Esse é o único ponto em que a pessoa não pode “pisar na bola”. Um erro de competência até se tolera, é perdoado, porque corrige- se com treinamento. Agora, o mau desempenho por falta de caráter ou personalidade, aí é complicado. Aí a empresa é mais rigorosa. É uma das maneiras de garantir que vamos manter o clima que hoje temos aqui”. Para aqueles que lhe perguntam, “Isso é real? É pra valer? Essa em- presa existe? O Renato existe?”, Serra garante que é fácil. Afirma que o modelo de Gestão de Pessoas adotado pela APSEN é realmente inovador e muito atraente, e que para pô-lo em prática, basta alocar os indivíduos acima dos números. O DISCURSO QUE SE TRANSFORMOU EM AÇÃO Ao contrário do que se pode imagi- nar, todas estas políticas e práticas de Gestão de Pessoas não se encon- tram apenas expressas no discurso de seus gestores, no site da empresa ou impressas em livretos primorosa- mente editados. São encontradas na realidade do dia-a-dia da empresa, expressas no comportamento de to- dos os colaboradores da empresa. Serra afirma que uma vez que os programas voltados para a felici- dade do funcionário e sua família, com ênfase na qualidade de vida foram implantados, como conse- qüência, muitas mudanças acon- teceram no que se refere ao clima organizacional e aos relaciona- mentos. Segundo ele, “o modelo de Gestão do Renato é chamado, por ele próprio, de “Gestão do bem”, onde não há a menor hesitação em admitir que administramos o negó- cio com o coração acima da razão, onde a felicidade do colaborador está acima do lucro, pois sabemos que um é conseqüência do outro”. O resultado é uma maior liberdade de expressão, mais informalidade e harmonia nas relações interpes- soais e uma maior integração entre gestores e equipes. A prova de que estas políticas estão funcionando na prática é o fato de a APSEN, há 3 anos consecutivos, estar na lista das melhores empresas do Brasil para se trabalhar. Elabo- radas pela Great Place to Work em 5
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