Revista da ESPM JAN-FEV_2007

Gustavo Alberto Corrêa Pinto JANEIRO / FEVEREIRO DE 2007 R E V I S T A D A E S P M precisão. No final dos anos 70, em uma reunião com a direção da em- presa, ele revelou a razão de existir da Mitutoy – e que nunca tinha dito a ninguém. A razão era para que a empresa gerasse recursos para uma fundação, que estava criando naquele momento – e entregando a presidência a seu filho mais velho – e dedicou o resto da sua vida a essa fundação que distribuiu obras sobre budismo no mundo inteiro, bolsas de estudo etc. A empresa vai muito bem, é líder de mercado no mundo inteiro, tem fábricas em diferentes continentes e nasceu do ideal de um homem. E só existe como empresa em função de um trabalho de difusão de valores pelo mundo, que se sobrepõe ao lucro – o lucro foi o meio. GRACIOSO – E você acha que a maioria das empresas poderia pensar assim? GUSTAVO – Não necessariamente assim.Talvez existamdiferentes formas de enfoque. Acho que as empresas vão ter – cada vez mais, daqui para frente – de refletir sobre qual é o sentido humano do que fazem. Até agora não prestamos muita atenção a essa indagação. Daqui em diante, contudo, cada indivíduo – para dar o melhor de si no que ele faz – vai precisar ter isso bem respondido para ele mesmo: qual é o sen- tido do que eu faço, para a minha existência, para que eu me saiba útil aos meus semelhantes, ao meio-am- biente e – ao final da minha existência – poder dizer que valeu a pena ter vivido uma vida e dedicado meus esforços a criar aquilo que eu acredito ser útil ao mundo do qual estou partindo. GRACIOSO –Aqui mesmo, na ESPM, numa reuniãodeConselho, umcolega objetou, de certa forma, ao fato de que estamos prevendo um resultadomuito alto, para o ano que vem, e que parte disso deveria ser destinada a ações sociais. Lembro de ter respondido que, tudo bem, mas – se procurarmos um objetivo social para nossa Escola – acho que o principal será sempre a boa formação de alunos em caráter, per- sonalidade e capacidade de trabalhar e se inserir na socie- dade. Mas percebo que você não concorda intei- ramente e que pode haver algo mais. GUSTAVO – Concordo inteiramente, porque a sua colocação incluiuconsci- entização de valores e não apenas téc- nica de umprofissional em formação. Quando incluímos a questão desses valores – e são valores humanos, de princípios que transbordam, inclusive, hoje, do humano para a natureza. Não podemos mais ignorar a questão do equilíbrio ecológico sobre o planeta. Nesse sentido, concordo inteira- mente, e gostei muito da sua visão de que o foco central tem de ser o poder oferecer aos alunos da Escola o melhor que somos capazes de criar para que eles sejam felizes no que fazem e contributivos para o bem comum. Concordo sem restrição. JR – No Brasil, existe uma certa exclusão so- cial. E as pes- soas “incluí- das” são “NO ORIENTE NÃO EXISTIU UMA DIVISÃO MATÉRIA X ESPÍRITO COMO ACONTECEU NO OCIDENTE.”

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