Revista da ESPM JAN-FEV_2007

Gustavo Alberto Corrêa Pinto 19 JANEIRO / FEVEREIRO DE 2007 – R E V I S T A D A E S P M negócio. Está no Novo Testamento o conselho de Jesus: “não faças aos outros aquilo que não queres que te façam”. Muitos acreditam que é aí que está a essência do que é a ver- dadeira ética: os relacionamentos nos deveres e direitos em relação a terceiros. Você acha que, de fato, esta máxima poderia ser a essência de uma cultura empresarial de res- peito ao próximo e enriquecimento espiritual? GUSTAVO – Sem dúvida. Se não me engano, a versão confucionista JR – Gustavo, você certamente conhe- ce um preceito, que está no Tao, que diz: “um governante deve governar o seu país como quem frita umpequeno peixe”. Quando ouvi isso, pensei que não se referisse apenas a um governante ou país; pode também se aplicar a umlíder, uma instituição.Mas confesso que não entendi muito bem. Você pode me ajudar? GRACIOSO – Lembre-se que não é função de um monge budista lhe dar respostas... GUSTAVO –Mas é interessante refletir sobre esse simbolismo. Para usufruir- mos de um peixe, como alimento, precisamos, em primeiro lugar, limpar escamas que não são comestíveis. Sem este processo de limpeza, ele não nos pode ser útil. Há, portanto, todo um trabalho preparatório que – posterior à sua realização – quando o peixe está limpo, nempor isso ele está pronto; ele está agora pronto para uma segunda etapa, que é darmos possibilidade de realce a tudo o que ele pode nos propiciar, não apenas matar a fome, mas também nos dar um prazer no processo de comermos. Quando pensamos nesses procedimentos simples da culinária, no preparo de um peixe, imaginemos que isto tudo é para ofertar, propiciar e não apenas para uso próprio. Quem conseguir governar com tal cuidado e tal dadivosidade será um grande governante, seja de um país, de uma empresa, uma família, uma amizade ou do que for. GRACIOSO – Quero falar um pouco do que a cultura ocidental poderia oferecer de bom para este empresário hipotético, que pretende enriquecer espiritualmente o seu Para usufruirmos de um peixe, como alimento, pre- cisamos, em primeiro lugar, limpar escamas que não são comestíveis. F

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