Revista da ESPM JAN-FEV_2007

Gustavo Alberto Corrêa Pinto 25 JANEIRO / FEVEREIRO DE 2007 – R E V I S T A D A E S P M GUSTAVO – A primeira coisa é que a espiritualidade é parceira da mate- rialidade; nãoé adversária, antagônica. Ao contrário, é a espiritualidade que pode levar a materialidade à plenitude de sua pujança. Nenhum ser humano atinge a plenitude de si mesmo se não conseguir enxergar um sentido maior no que faz, e que se ligue a gerações do futuro através do que lega com sua existêncianopresente.Outra coisaque quero dizer aos jovens é que, quando saíremda universidade, e encontrarem um mundo aquém do que gostariam, esperavam e desejavam, dêem graças por vocês poderem atuar sobre este mundo, levando a ele tudo o que percebem que falta. Então não se preocupemcomo fatode sedepararem com um mundo frio, somos nós que lhe traremos o calor; não peçamos a ninguém mais que o faça. Quando descobrirem que o mundo não era o que esperavam, ponham forças para transformá-lo no que vocês sonham. É para issoque estudaram, seprepararam e é este ideal que precisam manter aceso no mundo. Nós – que somos mais velhos – somos a geração que teve a oportunidade no nosso tempo, e – agora – quem tem a chance de fazer são os mais jovens. Sonhem alto, e sonhar alto não significa alimentar ambições desmedidas. Sonhem mais alto do que as ambições porque elas sãopequenas.Hámais abuscar doque meramente ambicionar êxito, sucesso, fama e fortuna. Quem ambiciona apenas isso ambiciona pouco porque ambiciona o perecível, o que émortal. E o que há mais a buscar? É sonhar um mundo melhor e ver a possibilidade que cada um de nós tem para fazer com que ele exista. ES PM brasileiras, é que estabeleçam para si altos ideais porque com isso nascerão grandes lucros, confiáveis e perenes; grandes lucros momentâneos são pos- síveis sem grandes ideais, mas serão momentâneos. Sóperduraráaquiloque o número cada vez maior de pessoas conseguir olhar, admirar e dizer: “Isto precisa prosseguir existindo”. JR – Você falou ao empresário, mas quero que fale, também, aos nossos alunos. Vemos esses jovens demons- trando interesse na espiritualidade e – muitas vezes – até cobram dos pro- fessores. Uma boa parte deles, quando sai à vida, sentem “esfriarem” os seus ideais... Oque você teria a dizer a essa juventude que se forma, vai à luta e, de repente, vê que as coisas não são exatamente como eles gostariam que fossem? A Associação Terra da Paz, entidade sem fins lucrativos, foi fundada para criar um espaço em que jovens clérigos recém- ordenados, oriundos de diferentes religiões e vindos de vários países, es- tudem uns as doutrinas dos outros com o foco em valores compartilhados. Em sua formação religiosa eles terão aprendido o que diferencia a sua Fé das demais tradições espirituais. Na Terra da Paz descobrirão o que as pode aproximar. Um Campus em língua inglesa promoverá cursos de imersão com duração de seis meses em que as Religiões serão estudadas à luz dos pon- tos de convergência, isto é, os valores que lhes são comuns. Bolsas de estudo serão oferecidas a jovens que acabaram de se ordenar como Rabinos, Xeiques, Padres, Pastores Protestantes, monges Budistas, Hinduístas e outros religiosos. Reunidos num ambiente de convívio fraterno, esses jovens descobrirão entre si semelhanças apesar das diferenças de etnia e cultura. O estudo das demais Religiões os cons- cientizará dos valores compartilhados e inspirará o respeito mútuo. Conhecendo as diferenças e especificidades das vá- rias tradições eles poderão compreender a importância do esforço comum para preservar o patrimônio espiritual da diver-sidade de credos em benefício da humanidade e de suas respectivas comunidades. O mundo precisa de líderes espirituais que construam um convívio respeitoso e fraterno entre as diferentes Religiões, aproximando povos e países. A intolerância é fruto de preconceito e ignorância. A Universi- dade terá seu foco na compreensão dos valores compartilhados e na experiência de um convívio respeitoso. A fase inicial da iniciativa será im- plementada em cooperação com entidades já existentes (universidades e outras entidades de ensino) e fo- cará na capacitação para liderança (educação informal). Paralelamente a este processo serão conduzidos o desenvolvimento dos cursos formais e a implantação da infra-estrutura definitiva em Mato Grosso. shogyo@globo.com UM PROJETO EDUCACIONAL

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