Revista da ESPM JAN-FEV_2007
        
 32 R E V I S T A D A E S P M – JANEIRO / FEVEREIRO DE 2007 feiçoamento da consciência e o incômodo que sentia na empresa foi se explicando. As causas da sín- drome da infelicidade no trabalho foram se tornando claras. Minha visão de como deveria ser uma em- presa espiritualizada se conformou. Pouco mais de quinze anos atrás, era o início da década de noventas, eu conversava com alguns colegas de diretoria e contava minhas idéias sobre o futuro das empresas. Em re- sumo, eu dizia que só teriam lugar, no século XXI, as empresas que, em sua gestão, levassem em conside- ração três pontos: 1. Preocupação (e atuação) com a saúde do planeta. 2. Compromisso com o desen- volvimento social da comunidade e do país. 3. Consciência de que o desen- volvimento da empresa é a soma dos desenvolvimentos individuais de todos os seres humanos que a fazem. Naquele tempo fui tratado como um sonhador, um alimentador de utopias descabidas no mundo em- presarial e esse meu pensamento nunca foi levado a sério. Por vezes recebia o sorriso condescendente que se dispensa nas empresas àqueles que se afastam do rigor da gestão cartesiana tradicional. Mas muita coisa mudou de lá para cá. Mais e mais empresas e empresários já não acham essas idéias sonhos descabidos – cresce a consciência de que somos todos habitantes do mesmo planeta, que esse planeta tem sido mal-tratado, inclusive por nossas empresas, que as desigualdades sociais têm de ser trabalhadas para tornar o mundo mais justo e que o pequeno micro- cosmo de cada empresa é formado por seres humanos que devem se realizar, serem felizes também dentro do trabalho, como na vida pessoal. Essa consciência é que vai quebrar o duro materialismo vigente no interior das empresas. Vai acolher os seres humanos seus funcionários como pessoas integrais, que não deixam suas emoções e seu espírito do lado de fora da empresa para vir trabalhar, vai introduzir a espiritualidade nos negócios. Essa espiritualidade simples e fun- damental não deve ser confundida com religiosidade. Ela reúne a vida material com a vida emocional, a matéria com o espírito, acolhe a convivência de cada pessoa com o Divino, seja qual for sua expressão religiosa. Estimula a solidariedade, o sentimento de justiça, a sensação de pertencimento a uma sociedade fraterna e harmônica. Não tem nada a ver com conteúdo e prática religiosa, seja católica, protestante, budista, maometana ou outra qualquer. A eventual es- colha de uma religião é exercício do livre-arbítrio de cada indivíduo e em nada se relaciona com as em- presas. Juntar religiões dentro da empresa pode gerar desarmonia. O compromisso com o desenvolvimento social da comunidade e do país é fator fundamental para a espiritualidade na empresa. F O espírito da (nas) empresas
        
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