Revista da ESPM JAN-FEV_2007

42 R E V I S T A D A E S P M – JANEIRO / FEVEREIRO DE 2007 A influência das religiões sobre as empresas 4. RELIGIÃO E EMPRESA: OS FUNCIONÁRIOS Nós não procuramos saber se, no caso daPeugeot, os trabalhadores compartil- hamdas crenças religiosas de seus fun- dadores porque, por um lado, a França é um país laico e, por outro, tendo em vistaasmovimentaçõesdaspopulações e filiais internacionais da empresa, cer- tamente uma boa parte deles não o faz. Mesmo assim, a influência se faz sentir desde a origem da empresa e a cada instante, através da estrutura da organi- zação, da ação dos descendentes dos fundadores e pela ética que os governa desde sua fundação. O exemplo da influência da religião sobre o dinamismo das empresas da cidade deKayseri, naTurquia, é interes- sante e pode ser útil para o presente problema. Essa cidade conta com um milhãodehabitantes eéoquartomaior centro econômico da Turquia. Mais do que em outras cidades do país, a religião marcou a ética do trabalho, e não somente a religiosidade das práti- cas. Lá, a separação entre Igreja e o poder central, estabelecida porAtatürk, permitiu que se separasse a ética extraída do Islamismo. Isso produziu uma ruptura e um subseqüente avanço muitosemelhantes aosproduzidospelo protestantismo e Lutero. Os valores dessa ética protestante são a valoriza- ção do esforço, o gosto pelo trabalho, a austeridade e o altruísmo. Eles foram a tal ponto importantes, que levaram SaffetArslam, donodeumadasmaiores fortunas da cidade, a declarar: “É 90% trabalho e 10% Islã.” 3 Por um lado, ele reconhece que há influência do Islamismo no sucesso de sua empresa –dificilmenteumempresário francêsou brasileiro teria tal atitude – e, por outro, ele sabe que essa influência é indireta e recai acima de tudo sobre o modo de trabalhar. Temos então, novamente, a tríade de que falamos anteriormente: religião/ética/empresa. Realmente, em Kayseri o trabalho é rei: as pessoas trabalham o máximo de horas possível, o que leva a um duplo efeito. Por um lado, há uma grande produção de riquezas e muito di- nheiro circulando, mas, por outro, os divertimentos, a oci- osidade (mãede todos os vícios), os vícios, o luxo, enfim, os gastos de dinheiro são reduzidos a um mínimo. No- vas fábricas são criadas a um ritmo tão acelerado, que a cidade pos- sui o maior parque industrial do país, com 800 fábricas e 40.000 operários. “Nós trabalhamos, dividimos, somos honestos... É Nós não procuramos saber se, no caso da Peugeot, os trabalhadores compartilham das crenças religiosas de seus fundadores porque, por um lado, a França é um país laico e, por outro, tendo em vista as movimentações das populações e filiais interna- cionais da empresa, certa- mente uma boa parte deles não o faz. F A influência da ão sobre as e presas

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