Revista da ESPM JAN-FEV_2007

68 R E V I S T A D A E S P M – JANEIRO / FEVEREIRO DE 2007 Entrevista JR – Isso me parece extrema modéstia; você é um formador de opinião. IVES GANDRA – Faço isso porque eu entendo que, apesar de todas as mi- nhas limitações, eu tenho uma respon- sabilidade em relação à sociedade em que eu vivo. Afinal, tive umpai queme permitiu que estudasse, me deu apoio; e outros que trabalham comigo, que poderiam ser muito melhores do que eu, não tiveram. De alguma forma, você tem de dar para a sociedade algo em troca, e uma forma de dar é transmitir os seus valores. Pode ser até que estejam errados mas, pelo menos, há convicção. E não só dentro do am- biente em que você vive.João Carlos, por exemplo, meu irmão, que você conhece – está desenvolvendo, com meninos –, um projeto de música. Ele está com duas orquestras de meninos – inclusive da Febem – que está trans- formando personalidades. Quando morremos, não levamos nada do que fizemos. Contamque o Cardeal Riche- lieu, no fim da vida, já velho, passava pelos seus salões, aquelas alfaias, pas- sava a mão e dizia “se eu pudesse, se eu pudesse levar tudo isso...” Não vai poder, é bobagem. Quando eu falo, “eu sou o pior exemplo”, tem gente lá no Centro de Extensão dos professores do ISE que são administradores, por exemplo, o Paulo Ferreira, que é nosso diretor e ele foi vice-presidente da Dal Internacional, morou nos Estados Unidos durante sete, oito anos. Gosto de repetir: “Frei Exemplo é o melhor pregador, não adianta só falar”. Se o cidadão vê que você não está vivendo aquilo, sua palavra não vale absoluta- mente nada. Acho que religiosidade é bom o homem ter; mesmo os ateus agnósticos acreditam em valores que podem não ser Deus, mas precisam de um valor. O homem tem necessidade disso. A ética e a moral – seja na visão grega, na visão romana, na visão mais superlativa, mais pragmática ela não é conflitante, mas é uma conseqüência natural da religi- osidade. E que você pode optar, evidentemente, adaptando-se às realidades, mas isso serve de um balizamento para não levar a aventuras. Isso pode representar uma evolução menos rápida, mas sempre mais segura. Con- sidero isso como uma fórmula: religiosidade, ética e aplicação pragmática. evidentemente, adaptando-se pragmática. “O SÉCULO XIX FOI A ERA DE CAPITALISMO MAIS SELVAGEM QUE JÁ HOUVE NO MUNDO.” ESPM

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